Até o presente, consideramos o conceito como sendo participado igualmente por todos os seus inferiores. “Animal” convém em toda a sua significação e, identicamente, às diversas espécies animais; uma espécie não é mais ou menos ou de modo diferente “animal” do que outra, o homem, por exemplo, não é mais animal do que o boi. A razão significada pelo mesmo nome é idêntica em todos os sujeitos. Esse termo é denominado sinônimo, por Aristóteles (mais tarde será chamado unívoco), é o verdadeiro universal lógico que se pode definir:
Quorum nomen commune est, et ratio per nomen significata simpliciter eadem.
Mas há outros casos onde só o nome é comum, enquanto que as diversas coisas que ele significa são totalmente dissemelhantes: “animal, diz Aristóteles, é tanto um homem real quanto um homem em pintura; estas duas coisas, com efeito, não têm em comum senão o nome, enquanto que a noção designada pelo nome é diferente” (Categorias, I, c. I). Paralelamente, o termo “gallus” designa ao mesmo tempo o gaulês e o galo. Estes termos são homônimos, ou equívocos. São definidos:
Quorum nomen commune est et ratio per nomen significata simpliciter diversa.
Uma análise mais acurada mostraria que a alguns termos correspondem, nos inferiores aos quais eles são atribuídos, naturezas ou razões que são sob alguns aspectos as mesmas, e sob outros aspectos diferentes. Por exemplo, o termo “bom”, aplicado a um homem, a um problema, a uma fruta, significa em cada coisa uma certa bondade mas que não é em cada caso, do mesmo gênero: a bondade do homem não é identicamente a de um problema etc. Diz-se que se trata de um termo análogo. Tais termos se definirão:
Quorum nomen commune est, ratio vero per nomen significata simpliciter diversa, secundum quid eadem.
Sob este ponto de vista, pode-se portanto distinguir três espécies de termos: unívocos, análogos e equívocos, estes dois últimos não representando, aliás, qualquer conceito definido. Teremos ocasião de voltar, em metafísica, a esta divisão capital. Aqui, basta que a formulemos de novo, com Tomás de Aquino, neste belo texto (Metaf., IV, 1. I, n. 535)
“Deve-se saber que qualquer coisa pode ser atribuída a diversos sujeitos de várias maneiras: ore segundo um conteúdo absolutamente idêntico e diz-se então que ele lhes é atribuído univocamente (animal, por exemplo, atribuído ao boi ou ao cavalo); ora segundo conteúdos absolutamente diferentes e diz-se neste caso que lhes são atribuídos equivocadamente (cão, por exemplo, atribuído ao astro ou ao animal); ora segundo conteúdos que são em parte diversos e em parte não diversos: diversos, na medida em que implicam maneiras de ser diferentes, e unos na medida em que essas maneiras de ser se relacionem a algo de uno e de idêntico; tal atribuição diz-se que é feita analogicamente, quer dizer, de maneira proporcional, porquanto cada atributo é relacionado àquela coisa una e idêntica, mas segundo sua maneira própria de ser.”
“Sed sciendum est, quod aliquid praedicatur de diversis multipliciter: quandoque quidem secundum rationem omnino eadem, et tunc dicitur de eis univoce praedicari, sicut animal de equo et bove. Quandoque vero secundum rationes omnino diversas, et tunc dicitur de eis aequivoce praedicari, sicut canis de sidere et animali. Quandoque vero secundum rationes, quae partim sunt diversae et partim non diversae: diversa quidem secundum quod diversas habitudines important, unge autem secundum quod ad unum aliquid et idem istae diversae habitudines referentur, et illud dicitur analogice praedicari id est proportionaliter, prout unumquodque secundum suam habitudinem ad illud unum refertur”.
Observemos que Aristóteles, nas Categorias; não tratou expressamente dos “análogos”. Os “parônimos”, denominativa, de que ele fala, são coisas que “diferindo de uma outra pelo caso, recebem sua denominação do próprio nome de que se origina: assim, de gramática vem gramático e, de coragem, homem corajoso”. Essa denominação tem uma certa relação com o análogo, porém não lhe corresponde exatamente. (Gardeil)