padres apostólicos

Padres apostólicos (séc. I-II)

Com esse nome são conhecidos um grupo de escritores da Igreja primitiva que trataram, ou supõe-se que trataram, da vida dos apóstolos. Essa denominação de padres apostólicos deve-se a J. B. Cotelier, que fez (1672) a editio princeps de cinco desses padres que “floresceram nos tempos apostólicos”. Esses cinco primeiros escritores são: Barnabé, supostamente o companheiro de apostolado de Paulo; “Clemente, bispo de Roma, terceiro sucessor de Pedro e que, segundo Santo Irineu, tratou dos apóstolos Pedro e Paulo; Hermas, que se fez discípulo de Paulo; “Inácio, bispo de Antioquia, que pôde conhecer os apóstolos; e “Policarpo, a quem Santo Irineu relacionou com São João.

A partir de 1765, quando se publicou a Bibliotheca veterum patrum, incluíram-se nos padres apostólicos “Pápias, a quem São Jerônimo qualifica de “ouvinte de João”; um autor desconhecido do belo discurso apologético, dirigido ao também desconhecido “Diogneto. Finalmente, e a partir de 1873 quando foi descoberta, faz parte dos padres apostólicos a “Didaque ou Doutrina dos doze apóstolos.

As obras em concreto desse grupo de escritores são as seguintes: a Didaque, que pode ser a primeira em sua composição, pelo ano 70; Duas cartas de São Clemente; Sete cartas de Santo Inácio às Igrejas; Carta e martírio de São Policarpo; Carta de Barnabé; Carta a Diogneto; Fragmentos de Pápias; Pastor de Hermas.

Todos esses escritos, dentro de sua diversidade, têm alguns traços comuns:

— Foram escritos entre o ano 70 d.C. e o ano 170.

— Representam a passagem ou ponte entre os escritos canônicos do NT e a literatura subsequente dos finais do séc. II, quando aparece outro tipo de escritos: apologistas, santos padres, historiadores etc. “Depois dos Evangelhos, Atos e Cartas dos Apóstolos, não há conjunto algum de obras que nos deem uma impressão tão imediata, tão íntima, tão cálida da vida da Igreja”.

— Os padres apostólicos constituem a fonte primeira da tradição viva não canônica. Descobrem-nos a e a praxis de uma Igreja que caminha, nutrindo-se da Eucaristia e do Evangelho, permanecendo na oração do Senhor e obediente aos pastores, representantes do único pastor, Cristo.

— Essa Igreja primitiva, tal como aparece nos escritos dos padres apostólicos, apresenta-se como exemplo vivo da Igreja de todos os tempos: fiel ao Senhor e aos apóstolos, à espera da segunda vinda.

BIBLIOGRAFIA: Padres apostólicos. Edição bilíngue completa. Versão, introdução e notas de Daniel Ruiz Bueno. (BAC) 51985; B. Altaner, Patrologia. Madrid 1945, com abundante bibliografia; J. Quasten, Patrologia, 1,1-109. (Santidrián)