história da filosofia

Como problema e como disciplina filosófica, a história da filosofia tem sido objeto de investigação e de análise, apenas desde há aproximadamente dois séculos. Durante a Antiguidade, a Idade Média e parte da idade moderna, a história da filosofia consistiu numa descrição das vidas e numa recompilação das doutrinas dos filósofos ou das escolas filosóficas. A obra mais famosa é “VIDA E OPINIÕES DOS FILÓSOFOS” de Diógenes Laércio, escrita aproximadamente entre 225 e 250 depois de Cristo, e que teve enorme influência. De qualquer modo, o interesse pela história da filosofia como resultado de interesse geral pela história nasce no século dezoito, quando os enciclopedistas concebem a história como uma unidade e como a expressão de um progresso. O sentido histórico que vigora nesta concepção adquire grande voo e maturidade no romanticismo e primeiro que tudo em Hegel, ao definir a história como autodesenvolvimento do Espírito e, portanto, como um evolução onde todos os momentos anteriores são necessários enquanto manifestações particulares do espírito, que conserva e supera cada uma das etapas anteriores. Já não se concebem as contradições dos grandes sistemas entre si como uma demonstração da futilidade de toda a especulação filosófica, como os cépticos faziam, mas como aspectos diferentes e sucessivos de um mesmo e único caminho. A história da filosofia é, portanto, para a referida época, o processo, mas ao mesmo tempo, um progresso, no sentido em que todo o momento é superior em valor ao precedente. A unidade do espírito fundamenta a unidade da história e esta unidade a unidade da filosofia. Desde fins do século dezoito e começos do século dezanove, que a história da filosofia aparece como disciplina filosófica, mas está ainda demasiado embebida numa filosofia da história como consequência das noções de processo e de unidade essencial do Espírito. Pouco a pouco foi-se definindo um melhor conhecimento do passado filosófico e ao mesmo tempo um abandono do otimismo da ideia de progresso, mas isso consolidou a ideia da história da filosofia como uma disciplina perfectível. De Hegel às investigações de Dilthey, Windelband e Rickert há, apesar das divergências, uma noção comum. Em primeiro lugar, pode-se verificar que a história da filosofia não é um conjunto de momentos do espírito rigorosamente encadeados segundo uma lei superior à história, mas tão pouco é um arbitrário montão de opiniões e sistemas inteiramente isolados ou contraditórios. Todo o saber filosófico brota de um meio cultural que forma o horizonte a partir do qual cada época histórica tende a esclarecer-se consigo mesma. Por outro lado, comprovou-se que não há na história da filosofia cortes radicais, como poderia fazer pensar, por exemplo, a diferença entre a Idade Média e o renascimento. Em grande medida cada época prossegue os temas e métodos próprios da época anterior. Esta unidade da história da filosofia não é a unidade do espírito no sentido hegeliano, mas a unidade da filosofia — como saber brotado da vida do homem, como um fato que acontece na sua existência e que faz da filosofia não uma disciplina que tem uma história, mas um fato que é histórico. Prescindindo de que a evolução da filosofia constitua uma marcha progressiva ou, o que é mais provável, um perfil variado, composto de curvas, desvios e retrocessos, o que é essencial à filosofia é o que, de acordo com Dilthey, é a nota constitutiva da alma: a historicidade. (DFW)