Jean Tourniac: OS TRAÇADOS DE LUZ (tradução de Antonio Carneiro)
QUEM É PORTANTO ESTE SCHADAI?
É Deus quem abençoa as « bênçãos superiores do céu, bênçãos subterrâneas do abismo, bênçãos da mama e das entranhas » (Gênese ch. XLIX, 25, Bíblia do Rabinato).
É necessário, com efeito, situar esta proteção especial repousando sobre José em seu entorno, conhecer a bênção de Jacó moribundo às doze tribos:
« Pelos manes (almas dos mortos) do Poder de Jacó
Pelo nome da Pedra de Israel
Pelo Deus de teu Pai que te socorreu
Por “El Schadai” quem te abençoou… »
Ou, em outra tradução:
« Pelo protetor de Jacó que preparou a via ao rochedo de Israel, pelo Deus de teu pai que será teu apoio e de “Schadai” que te abençoará… »
O aspecto divino assim definido é de grande importância para nosso estudo, pois, o nome de « Schadai » contem a ideia de medida, de relação e corresponde, na tradição judaica ao aspecto construtor da Divindade, como o assinalou Edmond Fleg em sua Antologia judaica.
Eis que chegou o instante de citar a obra de René Guénon. Com efeito, é nas obras desse Mestre, que foi também um maçom dotado de um pleno conhecimento de iniciação maçônica, que encontramos alusões bem claras a um « segredo » da maçonaria operativa, segredo dependente, por outro lado, da descoberta do « Nome » do Grande Arquiteto.
A relação estabelecida por René Guénon entre o triângulo de 3, 4 e 5 lados e esse Nome, não deixou mais dúvida quanto à quididade desse Nome, que assim teve que ficar indicado com todas as letras em sua obra e por diversas ocasiões.
É fácil de ver então, reunindo aí também « o que é esparso », que o segredo operativo está ligado ao reagrupamento dos três lados do triângulo 3-4-5 (e Guénon retornou sobre esses pontos em outras passagens de sua obra, notadamente à propósito do lado 5 faltando ao esquadro do Venerável Mestre e simbolizando a desaparição de um dos três « Grandes Mestres » do Templo de Salomão) e o traçado à descoberta da « palavra perdida », a qual é um nome divino invocado por Abraão, de valor 3-4-5 ou 345. Descobre-se então facilmente que se trata do « Deus Todo-Poderoso » “El Schadai”.
Teremos posteriormente ocasião de ver que o aspecto « Schadai » da Divindade está incorporado no « Metatron » da Cabala, o Príncipe da face, e sabe-se que Guénon forneceu um número de notas sobre esse portador celeste do Nome.
A colocação em concordância de três números isolados 3, 4 e 5, com o número de valor 345, “El Shadai”, formado ele mesmo pela adição de 31 (El) e 314 (Schaddai). Ora, esta concordância era admitida pela Maçonaria operativa, como René Guénon a recordou. Notemos que não existe também razão para deduzir o valor « 3,14 » de uma divisão das 22 letras do alfabeto Hebraico pelas sete letras duplas da Cabala (22/7 = 3,14)… Ora esta operação, que não concerne em absoluto à simbólica maçônica, foi, entretanto, de justa forma, praticada por alguns exegetas contemporâneos do esoterismo hebraico.
Observar-se-á a esse propósito que 3,14 é também o valor do número Pi — cuja grafia no alfabeto grego se assemelha curiosamente àquela da letra hebraica “He”, de valor 5 e correspondendo à hipotenusa do triângulo 3, 4 e 5 e ao diâmetro do círculo no qual está inscrito esse triângulo —.
O valor numérico de Pi — 3,14 é semelhante por seus elementos constitutivos àquele do nome de Schadai: 314, mas, além disso é esse número Pi que permite a medida do círculo partindo do diâmetro. Assim, poder-se-ia dizer, de uma maneira imaginada, que é « por 314 » que se passa do « esquadro ao compasso », e encontramos aí, precisamente, um segredo da Maçonaria operativa concernente a transferência do número à sua vibração harmônica no Nome divino “El Schadai”, 345, e “Schadai”: 314. Retornaremos a isso quando tratarmos das questões relativas à invocação dos Nomes Divinos entre os operativos.