syzygia

sizígia, sizígias, syzygia, syzigias

Se o quarto Aion feminino, a Igreja, é tomado da Epístola aos Efésios, as três primeiras, Graça, Verdade, Vida, são tomadas do Evangelho de João. Quanto a ideia de sizígia, pode ter sido inspirada na ideia joanina de que “Deus é Amor” (1 Jo 4,8). Como o Deus de João, todos seres espirituais perfeitos para Valentino são essencialmente amor, harmonia, unidade, o que pressupõe que eles tem um elo essencial com outro ser, como o Pai com o Filho. Clemente de Alexandria cita este dito de Valentino: “ Tudo aquilo que procede da sizígia é pleroma (perfeição, realidade), tudo aquilo que procede da unidade é imagem (quer dizer é somente imagem)” (Strom, iv, 90, 2). Este dito deve ser iluminado até certo ponto pelo que lemos no Evangelho da Verdade (24, 25-28): “ Pois o lugar onde estão inveja e porfia é uma deficiência, mas o lugar onde está a Unidade é a perfeição.” Existe unidade em todos os seres perfeitos, uma unidade que não é solidão, uma volta para o interior sobre si-mesmo, uma absoluta separação, mas harmonia, assentimento. O Pai ele próprio, mesmo que em um certo sentido ele seja absolutamente à parte (como a existência do Limite testemunha) não o é em outro sentido, pois se fosse absolutamente à parte não seria o Pai. Todas as sizígias são prolongamentos da união do Pai com seu próprio Pensamento, que é o primeiro Filho. Este Pensamento é ao mesmo tempo figura feminina, como o Espírito feminino dos Simonitas, e figura masculina, como o “Noûs” que é o primeiro Cristo dos Valentinianos. Existe um elo íntimo entre “Noûs” e “Ennoia” , como veremos abaixo. Assim como em nosso mundo é necessário dois seres um masculino o outro feminino para gerar nascimento a outro ser, também no mundo espiritual é necessário haver harmonia e unidade entre dois seres, um dos quais reproduz de alguma maneira a natureza do Pai, e o outro, a “Ennoia”, para gerar pensamentos que são verdadeiros e por consequência seres perfeitos e reais. “Tudo aquilo que procede da sizígia é pleroma, tudo aquilo que procede da unidade é imagem (fruto irreal da imaginação). Existe uma reminiscência de certos textos do Antigo Testamento a respeito do Marido e da Esposa neste simbolismo, e também uma ligação com a epístola paulina aos Efésios. [Simone Pétrement (contribuição e tradução de Antonio Carneiro) ]