progressos

Entretanto, os progressos extraordinários desta ciência nos tempos modernos e notadamente da biologia no século XX, os resultados espetaculares a que chegaram e que modificam progressivamente mais continuamente o modo de vida das pessoas – pondo assim aquilo a que se chama “problemas de sociedade” –, esses progressos e esses resultados fizeram nascer em todos os lugares a convicção de que a ciência define hoje o único saber verdadeiro de que a humanidade dispõe e ao mesmo tempo que seu objeto, esse campo galileano composto de moléculas e partículas microfísicas, é a única realidade. Desse modo, ao mesmo tempo que a matemática e as metodologias que ela determina são tidas pelas únicas válidas, o que não se oferece a seu tratamento e não aparece no domínio de conhecimento circunscrito por elas se encontra eliminado, riscado quanto à sua pretensão de ser um objeto de ciência e, assim, algo real. Certamente, assim como o Si transcendental vivente não se mostra nem pode mostrar-se no campo temático galileano, assim tampouco se mostra aí a motivação desta tese – a tese segundo a qual, sendo o saber galileano o único verdadeiro, seu domínio define ao mesmo tempo o campo de toda e qualquer realidade possível. Que importa! Tal é agora a convicção não da ciência, uma vez mais, mas do espírito moderno que se crê “científico” e que pensa falar em nome da ciência: a realidade é a do universo material. É este espírito moderno de pretensão científica que entra em todas as partes em conflito com o cristianismo para destruí-lo. Desse conflito resulta o mundo teoricamente anticristão ou acristão em que vivemos. (Michel Henry MHSV)