Se o próprio pensamento é possível no sentido de um pensamento fenomenológico como o nosso — e não de um pensamento em si inconsciente, que não é senão uma quimera — é precisamente porque esse pensamento é revelado a si na Vida. Não é portanto o pensamento – a intencionalidade, o “estar no mundo” — que nos dá acesso à vida, é a Vida que nos dá acesso ao pensamento, na medida em que este não é senão um modo da vida, na medida em que é a Vida em si que o revela a ele mesmo revelando-se a si. É assim que a aporia do método fenomenológico — contra o qual veio chocar-se Husserl e que parecia interromper, do mesmo modo, a investigação, aqui empreendida, de uma fenomenologia (isto é, de um pensamento) da vida – é eliminada, uma vez que é a própria Vida transcendental que fornece — a todo pensamento, a toda forma de intencionalidade – a autodoação primitiva em que, postos em posse de si mesmos, são capazes de cumprir seu trabalho. Essas observações longamente desenvolvidas valem evidentemente tanto para a teologia quanto para a filosofia, que são, uma e outra, pensamentos. (Michel Henry, MHE)
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