MORTE — JULGAMENTO DOS MORTOS
Excertos traduzidos do livro «LE JUGEMENT DES MORTS»
Anteriormente VIDA APÓS A MORTE, foram apresentados alguns aspectos da questão a ser aqui explorada. Adotamos como guia uma excelente trabalho coletivo, publicado pela Editora Seuil, “LE JUGEMENT DES MORTS”.
Nesta obra é examinado como os povos orientais conceberam a determinação da sorte do defunto, à sua chegada no outro mundo. Praticamente todas as tradições admitiram, em algum momento de sua história, a existência de um juízo ou julgamento dos mortos. No entanto, as modalidades deste julgamento variaram muito de um civilização para outra. Os colaboradores desta obra se esforçaram em salientar como, em certos casos, a noção de julgamento não se impôs de pronto. Já no antigo Egito, ela surge a partir da acusação feita pelo morto contra o vivo diante do tribunal do grande deus. Israel não conheceu primitivamente um julgamento verdadeiro. O morto iria simplesmente se juntar a seus pais no Cheol de limites indistintos, análogo aos infernos mesopotâmicos. A evolução nestas concepções é bastante instrutiva. Ao mesmo tempo, praticamente em toda tradição, a salvação é buscada nas fórmulas mágicas, a iniciação ou ensinamento dos inspirados e dos profetas. Em fim, é importante notar que as ações conformes a nossos critérios morais não desempenharam sempre um papel determinante; fato particularmente visível no antigo Egito.
Algumas questões são pertinentes no tocante ao julgamento propriamente dito:
*O homem deve esperar em um estado neutro o julgamento coletivo final, para conhecer sua sorte? Conhece-se vários tipos concorrentes de julgamentos ou de provações em uma mesma religião? O julgamento dos mortos compreende o comparecimento diante instâncias sucessivas?
*Qual é o juiz? É onisciente, ou tem uma limitação de sua capacidade de justiça? Qual é a composição do tribunal?
*O morto pode pleitear e dispõe de um advogado divino?
*Como a sentença é dada e qual é o modo de execução da decisão: sobrevivência ou desparecimento definitivo, introdução no paraíso ou no inferno, reencarnação, etc.? Quais são as possibilidades de apelo?
*Quais são as precauções tomadas em previsão do julgamento póstumo: rios de exumação, iniciação, magia?
*Em que o julgamento coletivo final difere do julgamento individual, e qual seu caráter?
Por estas questões percebe-se a complexidade dos fatos analisados, que pressupõem o conhecimento de noções mais vastas, tais como a concepção do universo e da vida, da moral e do pecado, da responsabilidade e da justiça divina.
*ZOROASTRISMO