TRADIÇÃO — ESCATOLOGIA
Mas tal vez essa obscuridade textual seja menos real que aparente. Se se estuda o Discurso escatológico em um sentido estritamente “oculto”, como um acontecimento anunciado para que ocorra no interior da alma e com uma contingência puramente individual, é possível “ver” que o drama cósmico que aqui se descreve consiste em se o relato “dramático”, não isento de certa grandiloquência intencionada, de uns cotidianos no processo espiritual.
Então se comprova que o Discurso escatológico trata unicamente da salvação do homem, quer dizer, do ato final, no mundo, do homem que alcança a Glória de morrer em Cristo, e com essa glorificação do Pai, recebe a ressurreição “em espírito”.
Por outra parte, o Discurso escatológico descreve em termos paralelos à Paixão e Ressurreição de Jesus, a própria Paixão e Ressurreição de cada homem, uma vez descobre este em si mesmo ao homem pneumático e se converte no eleito. O Discurso que corresponde a este homem humilde dista muito da grandeza paradigmática do Cristo que “consistiu” em ser cravado na cruz; mas em seu tom menor, atenuado, o Cristo interior deste homem renova em si mesmo o sacrifício do Cordeiro de Deus oferecido por Jesus como primícia.
Frithjof Schuon: ESCATOLOGIA UNIVERSAL
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Bernard McGinn: Anticristo
Escatologia apocalíptica é a expressão geralmente usada para denotar a dimensão de tempo ou horizontal das revelações encontradas em apocalipses. As revelações que concentram no curso do tempo do presente ao fim, tais como o Livro de Daniel, o Apocalipse Animal (I Enoque 85-90), e o Apocalipse das Semanas (I Enoque 93 e 91) — todas do meio do século II aC — podem ser denominadas apocalipses históricos. Enquanto este modo de compreensão da história e de seu fim veio a se expressar nos apocalipses, fazendo caminho em direção a outros tipos de literatura do Judaísmo do Segundo Templo. A comunidade de Qumran de ascetas judeus vivendo próximo ao Mar Morto por volta de 150 aC até 70 dC colecionou apocalipses e manteve fortes crenças apocalípticas que estão refletidas em seus escritos mas aparentemente não compôs apocalipses próprios.
Para entender o componente de tempo ou horizontal dos apocalipses, algumas definições são necessárias. Escatologia e apocaliticismo frequentemente foram intercambiados, mas vejo apocaliticismo como um tipo de escatologia, e assim falo de escatologia apocalíptica como um subtipo. Escatologia é qualquer forma de crença sobre a natureza da história que interpreta o processo histórico à luz dos eventos finais (gr. ta eschata). Todas as visões da história são escatológicas neste sentido, se ou não enfatizam o final próximo e a sequência de eventos levando a ele. A escatologia apocalíptica, entretanto, dá mais um passo enfatizando uma visão determinística da história. Na escatologia apocalíptica as últimas coisas são vistas em um padrão triplo de crise-julgamento-prêmio, e sua iminência pode ser discernida nos eventos do presente através da mensagem revelada descoberta no livro sagrado.