EIKON — IMAGEM
EVANGELHO DE JESUS: Mt 22:17-21; 1Co 11:7; 1Co 15:47-49; 2Co 4:4
Citações dos Padres — em nosso site francês
Mestre Eckhart
IMAGEM, FIGURA, FORMA (BILD, BILDEN) (Bild: imagem, figura, forma)
Excertos do glossário do tradutor, Enio Paulo Giachini, da ótima versão portuguesa dos “Sermões Alemães” de Mestre Eckhart
Nos sermões alemães de Eckhart ocorrem frequentes vezes as palavras Bild e bilden nas suas variantes abbilden e erbilden.
Bild significa quadro, imagem, figura, configuração, forma; e bilden, configurar, formar imagem, figura, tomar forma. Abbilden, copiar, erbilden, reproduzir a si mesmo, configurando-se a partir do seu próprio originário. Esses termos todos, no entanto, devem ser entendidos na tonância do sentido do ser a partir e dentro da criatividade da existência artesanal, mas subsumida pelo sentido do ser da filiação divina. Como tais devem ser sempre considerados, não como configuração que fixa e encaixa, como forma que delimita a modo de cerca, encaixe, moldura, mas sim como plenitude da dinâmica do crescimento, como pique, auge de um empenho, como o concreto, isto é, concrescido, remate de um agir que toma corpo como uma obra. E em todo esse nascer, crescer e se consumar de uma obra, esta aparece como vir à fala do próprio criador da obra como seu prolongamento, sua reduplicação, como o seu perfazer-se. Não se trata, pois, nem da figura, nem da configuração de uma coisa, nem de si como retrato externo, mas sim da sua “cria”, da sua reprodução, seu fruto; e isso muito mais e de modo qualitativamente mais rico e único, quando se trata de filiação, de geração divina.
Jean Daniélou
Veja no estudo de Daniélou sobre Gregório de Nissa, uma análise da questão da criação do homem “à imagem e à semelhança de Deus”, e o trabalho de restauração da semelhança para recuperação da imagem, enquanto verdadeira deificação.
Thomas Merton: ZEN E AS AVES DE RAPINA
Os Padres da Igreja interpretam a criação do homem à “imagem de Deus” como prova de que ele é capaz de inocência paradisíaca e contemplação — e que aí está, em realidade, o porquê de sua criação. O homem foi feito para que, em seu vazio e na pureza de seu coração, pudesse refletir a pureza e a liberdade do Deus invisível e unir-se assim perfeitamente com Ele. Mas a reaquisição deste paraíso sempre oculto dentro de nós, ao menos como uma possibilidade, é algo que apresenta grande dificuldade prática. O Gênesis nos conta como no caminho de volta ao paraíso há um anjo com uma espada chamejante “voltada para todos os lados”, que nos impede o acesso. Entretanto, não significa isso que a volta seja algo de absolutamente impossível. Diz Santo Ambrósio: “Todos os que desejam voltar ao paraíso têm de ser provados pelo fogo”. (Oportet omnes per ignem probari quicumque ad paradisum redire desiderant. In Psalmum 118, XX, 12. Citado por Stolz, pg. 32). O caminho do conhecimento à inocência ou pureza do coração é um caminho de tentação e luta. E uma questão de pelejar contra dificuldades máximas e vencer obstáculos que parecem, e em realidade são, superiores à força humana.
Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 15
La palabra griega eikon es la traducción exacta de la hebrea tselem, ‘imagen’, que aparece en Gen. I, 27. Para G. Scholem, gran especialista en cábala y tradición hebrea (6), tselem correspondería a la daena iraniana. Según un fragmento maniqueo llamado Turfan (7), el tercer día después de la muerte y la víspera antes de atravesar el puente Cinvat, el alma del difunto ve aparecer ante ella, semejante a una joven, a la daena, su imagen, o la encarnación de su fe y de sus buenas acciones. No podemos dejar de relacionar a la daena con el «atuendo resplandeciente» del Canto de la Perla. El fiel es guiado por ésta y luego, unido a ella, penetra en el Paraíso. EL EVANGELIO SEGÚN TOMÁS
François Chenique
A doutrina da imagem e da semelhança é complexa entre os Padres (cf. Vladimir Lossky. Essai sur la théorie mystique de l’Église d’Orient, cap. VI), mas em geral a imagem é relacionada com a primeira criação e a semelhança com a regeneração pelo batismo. Para São Boaventura, a imitação de Deus se faz em três graus e traduz-se por três formas de presença. Há, antes de mais nada, o simbolismo inconsciente, o “vestígio” ou a “sombra”, que traduz uma presença de imensidade no mundo sensível; a semelhança expressiva é “a imagem”, que traduz uma presença de iluminação nos espíritos; enfim, no topo, vem a assimilação pela graça, é a “similitude” ou “parecença”, que traduz uma presença de elevação ou de graça na alma. V. as notas de H. Durémy, p. 27 e 29 de sua tradução do Itinerarium.
eikon: imagem, reflexo
Eikasia, o estado de perceber meras imagens e reflexos é o segmento inferior da linha platônica (Republica 509e). O eikon tem um tipo qualificado de existência (Tini. 52c) e um papel não muito complementar na teoria da aíte de Platão (Republica 598e-599a; ver techne, mimesis). O universo visível é o eikon do universo inteligível que abrange os eide (Tini. 30a-d; ver kosmos noetos), e o tempo é uma imagem da eternidade (ver chronos). Em Plotino, a alma é uma imagem do nous (Eneadas V, 1, 3), o mundo criado é uma imagem do seu Pai (Eneadas V, 8, 12), e a matéria (hyle) uma imagem do ser (on) (Eneadas I, 8, 3), etc; ver kosmos, mimesis, doxa. (FEPeters)