CRISTANDADE
VIDE: CRISTANDADE E GNOSTICISMO; CRISTANDADE E CULTURA
Cristandade não se confunde com Cristianismo. A Cristandade é a graça da libertação no advento da “liberdade dos filhos de Deus” (Rm 8,21). O Cristianismo vive da Cristandade para organizar e impor padrões fixos de comportamento nas ordens, nos rituais, nas respostas. Embora sempre convivam no empenho de um mesmo envio histórico, Cristandade e Cristianismo não se integram nem se abraçam para, sempre em todos os planos e em todas as épocas. Mas, em qualquer tempo e lugar, a Cristandade é e tem sido a caminhada da “libertação da verdade” de Deus nas chegadas históricas. Apesar de seguir a Cristandade, nem sempre o Cristianismo lhe tem acompanhado a libertação. Muitas vezes mesmo, tenta substituí-la por uma liberdade sem verdade. E então o desamparo toma conta e se torna um destino mundial. O filo:niilismo, a morte de Deus e do homem, a pretensão de produzir tudo enchem de decadência os palcos da história. A Cristandade parece sucumbir de todo no Cristianismo, a liberdade parece sufocar a verdade, a instituição parece garrotear a vida e a letra parece matar o espírito.
Do Cristianismo S. Agostinho se ocupou na Cidade de Deus e da Cristandade tratou nas Confissões. Em ambas nos faz experimentar os caminhos da libertação na história da verdade. Os fatos e feitos dos homens se libertam da fatalidade ou indiferença de simples ocorrências neutras e casuais. Nada acontece apenas por acaso nem como exemplo de uma regra ou fase de um processo. Os caminhos valem por si mesmos. Têm sentido e não apenas meta. Na caminhada pelos caminhos da libertação não há tempo perdido nem esforço inútil. Pois nada ocorre apenas com vistas ou por causa de um resultado. Tudo está pela e para a “verdade que liberta”. Nenhum dia se dá apenas pelo dia seguinte, nenhuma busca se empenha somente por um lucro. Ao contrário. Todo momento é “o tempo da libertação”, todo dia é “o dia. da salvação”, pois em cada busca de um vive a Cristandade de todos. Esta libertação faz explodir o grito da jovialidade que a liturgia canta em todo Aleluia: “culpa venturosa, que mereceu um tal e tão grande Redentor”! A felicidade de toda culpa é que sempre merece a libertação da verdade! EMMANUEL CARNEIRO LEÃO