I, 6: Ó parto santo, ó faixas sagradas! O Verbo é tudo para a criança que ele gerou: ele é pai, mãe, tutor e enfermeiro. Comam minha carne”, disse ele, “e bebam meu sangue”. O Senhor nos fornece esse alimento adaptado às nossas necessidades; ele apresenta sua carne, derrama seu sangue, para que nada falte aos seus filhos para crescer. Ó mistério contrário a todas as aparências! Ele nos ordena a abandonar a velha corrupção, a corrupção carnal, e também a abandonar o velho alimento. Devemos adotar um novo modo de vida, o de Cristo, receber o Salvador, se possível, colocá-lo em nós, encerrá-lo em nosso peito, a fim de regular as paixões da carne. Você quer uma explicação mais comum desse mistério? Você também pode entendê-lo da seguinte maneira: o Espírito Santo expressa alegoricamente a carne, pois foi por meio dele que a carne foi formada. O sangue indica a Palavra, pois, como sangue rico, a Palavra foi derramada para produzir vida. Agora, a união dos dois é o Senhor, o alimento das crianças; o Senhor que é tanto Espírito quanto Palavra. Esse alimento é o Senhor Jesus, ou seja, a Palavra de Deus, Espírito feito carne, carne celestial santificada. Esse alimento é o leite do Pai, o único leite para as crianças. O Verbo, então, nosso amigo e nosso nutridor, derramou seu sangue por nós, salvando a humanidade. Foi por meio dele que acreditamos em Deus; é para o Verbo, o seio do Pai, que corremos para tirar o leite que nos faz esquecer nossas tristezas. Somente ele, como deve ser, distribui o leite do amor a nós que somos seus filhos; e somente aqueles que bebem desse seio divino são verdadeiramente felizes.