Julian de Norwich Maternidade

Matthew Fox — Contribuição de Julian às necessidades espirituais de hoje
A maternidade de Deus.
Julian é, com razão, conhecida em nossa época pelo desenvolvimento do tema da maternidade de Deus, tema esse tão ausente das espiritualidades patriarcais dominantes no Ocidente nos últimos séculos. Embora o tema não se tenha originado em Julian — está presente na Bíblia hebraica, no Novo Testamento e em muitos pensadores medievais, como Anselmo, são Francisco de Assis, Matilde de Magdeburgo e Mestre Eckhart -, ninguém ainda tratara do assunto de forma tão profunda e ampla quanto Julian de Norwich. Julian atribui a maternidade a Deus, à Trindade, a Cristo e à Igreja. Afirma, por exemplo: “Em nossa criação, Deus onipotente é nosso Pai amoroso e Deus Sapientíssimo é nossa Mãe vivificante”. Fomos criados “pela maternidade de amor, um amor de mãe que nunca nos abandona”, afirma ela.

Julian refere-se à Trindade como Mãe, quando diz que “a profunda sabedoria da Trindade é nossa Mãe, em quem estamos encerrados” e que “a característica da maternidade” encontra-se na Santíssima Trindade. A teologia da maternidade mais proeminente e mais desenvolvida está no tratamento que Julian dá a Jesus Cristo. Embora na literatura medieval exista uma longa tradição sobre este assunto, ninguém o desenvolve tão bem quanto Julian. “Nosso Salvador é nossa verdadeira Mãe, em quem nascemos sem cessar e de quem nunca nos separaremos.” A segunda pessoa da Santíssima Trindade “é nossa Mãe” que, assumindo nossa humanidade, “tomou-se nossa mãe carnal”. Quem é nossa verdadeira Mãe? “Jesus Cristo, que opõe o bem ao mal, é nossa verdadeira Mãe. Dele recebemos nossa existência, na qual se inicia o fundamento da maternidade.” A maternidade de Jesus aplica-se a ambas as criações, a primeira e a segunda. “Jesus é nossa verdadeira Mãe, em natureza, por nossa primeira criação e, em graça, por assumir nossa natureza humana.”