Julian de Norwich Deus-Mãe

Matthew Fox — Contribuição de Julian às necessidades espirituais de hoje
Deus-Mãe
Depois de tantos séculos de imagens de Deus exclusivamente patriarcais, somos tentados a celebrar a reconquista, por Julian, das imagens divinas maternais e pronto. Mas isso não basta e deixa de fazer justiça à considerável contribuição de Julian à teologia da maternidade de Deus. O que, de fato, Julian quer dizer com maternidade? E que luz isso lança sobre nossa luta espiritual de hoje? Ela identifica as seguintes características divinas da maternidade:

  • Segundo Julian, nossas experiências de maternidade são nossas experiências de “estar encerrado”. Julian tem ricas imagens de panenteísmo que entende como maternais — uma imagem envolvente, abrangente, acolhedora, inclusiva, cósmica, expansiva e gráfica de como estamos em Deus e Deus, em nós. Temos aqui e nas ricas imagens de Julian para essas formas, uma imagem circular, não-escalonada e não-competitiva para nós, Deus e a sociedade.
  • Para Julian, a maternidade reflete o lado compassivo e de “terno amor” de Deus. Porém, ela resiste com todas as forças a qualquer sentimentalismo em relação a esse amor de mãe, insistindo em afirmar ser ele voltado para o serviço. “O serviço de mãe é o mais próximo, o de maior presteza e o mais certo”, declara. Para entender a maternidade de Deus, precisamos considerar “a maternidade operante”, diz ela.
  • O trabalho da maternidade inclui dar à luz, com toda a dor e luta que o parto sempre envolve. A dor, o risco, a coragem, fazem parte do lado maternal da divindade. “Sabemos que todas as nossas mães nos dão à luz para a dor e para a morte”, diz ela, considerando Jesus exemplo extraordinário de tal parto maternal divino. A cruz é parte integrante do trabalho de dar à luz e servir de mãe.
  • O que Deus dá à luz? Deus, diz Julian, “éo verdadeiro Pai e a verdadeira mãe das naturezas”. Assim, todos os seres nascem de Deus e “fluem de Deus para fazer a vontade divina”. A própria Criação é a atividade materna primordial do Criador. O relacionamento entre a maternidade divina e os humanos é, segundo Julian, necessariamente carnal.
  • Deus é mãe, na medida em que é “Sapientíssimo”. Recorrendo às ricas metáforas características da tradição sapiencial da Bíblia hebraica, Julian desenvolve o tema de Deus como mãe, Deus como sabedoria. A sociedade patriarcal define educação apenas como conhecimento. Uma sociedade holística voltaria à educação como busca da sabedoria tanto quanto desenvolvimento de conhecimento e informações.