Joaquim de Fiore

Ascetismo e Misticismo — Joaquim de Fiore (1135-1202)

Joaquim de Fiore é muito conhecido dos teólogos. Ele nasceu na Calábria entre 1130 e 1145. Foi abade cisterciense (seguia portanto a regra austera de são Bento) e fundou uma congregação de eremitas. Sua doutrina, sem ser expressamente esotérica, possui uma estrutura esotérica. Joaquim de Fiore apresenta um quadro de pensamento, de adivinhação. Ele distingue três idades: a primeira idade é a do Pai: reina a lei do Antigo Testamento, os homens vivem na matéria; a segunda idade é a do Filho: é o estado da fé anunciado pelo Novo Testamento; a terceira idade, superando as Sagradas Escrituras, corresponde ao Evangelho eterno do qual fala o capítulo 14 do Apocalipse (“Vi então um outro anjo que voava pelo meio do céu, tendo um Evangelho eterno”): trata-se da idade do Espírito, terceiro membro da Trindade Cristã. A ideia de Joaquim ficou conhecida não tanto pelos seus livros, mas por seu discípulo e divulgador, Gérard de Borgo San Donnino, Introduction à l’Évangile éternel (1254; Introdução ao Evangelho eterno). Joaquim declarou ter tido essa intuição graças a duas iluminações. (Pierre Riffard)

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Joaquim de Fiore (c. 1132-1202) Abade, místico e profeta, provou ser mais influente em sua lendária vida depois de morto e nas interpretações dadas a seus escritos do que em sua carreira e feitos neste mundo. Tornou-se em 1177 abade da casa Cisterciense de Corazzo, mas renunciou para viver uma vida de eremita em Fiore, na Calábria, atraindo discípulos e tendo visões apocalípticas. Dividiu a história humana em três períodos: a era do Antigo Testamento (o Pai), a do Novo Testamento (o Filho) e a do mundo vindouro (dominado por uma nova ordem espiritual), a qual, em sua antevisão, teria início na década de 1260. Os aspectos milenaristas de sua obra, conjugados com a esperança de realização dentro de um tempo finito, empolgaram a imaginação das gerações seguintes. O joaquinismo teve profundos efeitos em muitos grupos sociais no século XIII e começos do século XIV, sobretudo entre os franciscanos espirituais, precursor que foi de alguns elementos de resistência e de protesto contra a ordem eclesiástica estabelecida. (DIM)