Jo 1,14

PRÓLOGO DE JOÃO — O VERBO SE FEZ CARNE…

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.


CRISTOLOGIA
Erígena: E vimos sua glória, a glória do único primogênito do Pai

Orígenes: Comentários ao Evangelho de João


FILOSOFIA
Michel Henry: ENCARNAÇÃO

A elucidação sistemática da carne, do corpo e de sua relação enigmática nos permitirá abordar o segundo tema de nossa investigação: a Encarnação no sentido cristão. Esta encontra seu fundamento na proposição alucinante de João: “E o Verbo se fez carne” (1,14). A que ponto essa palavra extraordinária vai acossar a consciência de todos os que, desde a irrupção do que se chamará cristianismo, se esforçarão por pensá-la eis o que é testemunhado pela primeira reflexão de Paulo, pela dos evangelistas, dos apóstolos e de seus mensageiros, dos Padres da Igreja, dos hereges e de seus contraditores, dos concílios, em suma: do conjunto de um desenvolvimento espiritual e cultural talvez sem equivalente na história da humanidade. Que numerosas produções intelectuais que compõem essa sequência decisiva da filosofia e da teologia então entremescladas tenham desaparecido — vítimas, aliás, como a maioria dos textos da Antiguidade, de um gigantesco naufrágio –, isso não poderia dissimular sua importância. Esta resulta de que, tornada muito rapidamente quase obsessiva, a palavra em que se diz a Encarnação suscita o inevitável enfrentamento entre os que vão esforçar-se por compreendê-la mesmo que não disponham ainda dos meios para fazê-lo e os que a rejeitam incondicionalmente, como incompatível com sua filosofia, que é nada mais, nada menos, que a filosofia grega!

Os primeiros são os convertidos, os judeus, os gregos, os pagãos de todos os tipos, que querem dar sua inteligência a isso a que acabam de dar fé. Os outros são os “gregos”, que entenderemos a partir de agora como os que, gregos ou não, continuam a pensar como gregos e, por conseguinte, a não poder pensar o que é dito na palavra misteriosa de João.

Por um lado, o Logos grego desdobra sua essência fora do mundo sensível e de tudo o que lhe pertence — tanto a animalidade como a matéria inerte –, esgotando essa essência na contemplação intemporal de um universo inteligível. Que essa contemplação de um inteligível puro torne compreensível o mundo das coisas cujo arquétipo ela fornece não muda nada numa situação fundamental em que a oposição entre o sensível e o inteligível (que vai dominar o pensamento ocidental) tem origem.

Por outro lado, a incompatibilidade radical entre o conceito grego de Logos e a ideia de sua eventual encarnação atinge o paroxismo a partir do momento em que esta reveste a significação que será a sua no cristianismo: a de conferir a salvação. Tal é, com efeito, a tese a que bem se pode chamar “crucial” do dogma cristão — e o princípio de toda a sua “economia”. (HENRY, Michel. Encarnação: uma filosofia da carne. Tr. Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2014, p. 14-15)


PERENIALISTAS
Rama Coomaraswamy: Excertos de “NOME DE JESUS”

(15) “Y el Verbo se hizo carne” (Juan I, 14). Estas palabras pueden aplicarse con aptitud suma al Nombre que es, por así decir, el aspecto o la manifestación auditiva de la esencia divina. Ciertamente, S. Bernardino de Siena nos enseña esto en su sermón sobre “El Glorioso Nombre de Jesucristo”, y el Apóstol Juan da testimonio de esto en el Apocalipsis diciendo “Su Nombre se llama el Verbo de Dios” (XIX, 13). Jesús mismo dice “He manifestado Tu Nombre a los hombres que Tú me has dado… porque yo les he comunicado las palabras que Tú me diste” (Juan XVII, 6), Orígenes nos dice en su Comentario sobre el Cantar de los Cantares que “Dios se vació a Sí mismo, para que Su Nombre fuera como bálsamo derramado, para no morar ya más en la luz inaccesible y permanecer en la forma de Dios, sólo para que el Verbo pudiera hacerse carne.”