Jerônimo Fogo

SÃO JERÔNIMO — COMENTÁRIO A EZEQUIEL

Obras Completas de San Jerónimo, V a. , Comentario a Ezequiel (libros I-VIII), Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), serie normal n° . 655, Madrid, 2005, 601 p., edición bilingüe promovida por la Orden de San Jerónimo, traducción de Hipólito-B Riesco Álvarez, el texto latino está tomado del Corpus Christianorum de Ediciones Brepols, ISBN 84-7914-796-2.

Deus ignis consumens est. (Dt 4, 24)

Contribuição tradução e notas de Antonio Carneiro do “Comentário ao profeta Ezequiel”, Livro I — página 15

No que diz respeito à alusão ao fogo ameaçador e um resplendor entorno, dizem que tem-se que interpretar tendo em conta a escritura, quando diz, “Deus é fogo abrasador” (Dt 4,24). O Salvador disse que sua vinda tem como finalidade enviar este fogo sobre a terra e que Ele mesmo deseja arder em nós e em todos os crentes (Lc 12, 49) em um fogo que, ainda que traga o terror e os suplícios para os pecadores, brilhe no entanto com resplendor e esteja cheio de luz e fulgor. E precisamente nos purifique com o fogo para dar-nos alegrias uma vez purificados e purgados.

4b. “E de seu meio parecia sair o brilho do electro, isto é do meio do fogo (LXX: E do seu meio parecia mostrar-se a visão do electro no meio do fogo.” O que vem a seguir: (HH) E o esplendor estava nele (H), é preciso anotar com asterisco1. (Ez 1,4). Se não tivesse acrescido na escritura: “Isto é do meio do fogo”, devido a ambiguidade da expressão poderíamos equivocar-nos pensando que era o brilho ou a imagem do electro o que estava no interior do vento ou do espírito. Assim pois, é preciso entender o seguinte: que no interior do vento ou dos tormentos de Deus, aparece a imagem do electro, que é mais belo que o ouro e a prata, e que após o juízo final e depois dos tormentos, que àqueles que sofrem lhes parecem rústicos e duros, o fulgor do electro mostra-se ainda mais belo, momento em que tudo é governado pela providência de Deus e aquilo que se considera castigo se mostra um alívio.

NOTAS


  1. Orígenes havia utilizado já os asteriscos para indicar as passagens nas quais a versão em hebreu coincidia com as traduções diferentes das dos Setenta (in: L.D. Reynolds — N.G. Wilson, “Copistas y filólogos. Las vías de transmisión de las literaturas griega y latina”, Madrid, 1995, p. 54). Por sua parte, Jerônimo tinha usado já o asterisco na tradução do Livro de Jó do grego para o latim, mas diferentes tipos de asteriscos distinguiam ali as passagens que estavam no texto hebreu e faltavam no texto grego dos que estavam presentes no texto grego e faltavam no texto hebreu (in: Ep. 104,6). No entanto, no Comentário a Ezequiel um signo formado por dois pontos e um traço intercalado indica que o texto não se encontra na versão em hebreu, mas sim na versão da Septuaginta e de outras traduções, enquanto que um asterisco grande indica que o texto não está nem na versão em hebreu nem na dos Setenta, mas sim na de outros tradutores. Em ambos os casos, o final da passagem assinalada aparece indicado por dois pontos (:). Na presente edição, o primeiro o asterisco é substituído pela letra “H” o primeiro por (HH), o segundo por três (HHH), e os dois pontos(:) por um só “H” (H).