SIMBOLISMO — ICONOGRAFIA
Na filosofia grega o substantivo eikon designa um modo já qualificado da aparição do visível, a saber sua natureza imaginária de simulacro e de ilusão. Platão prefere em geral os derivados de phainen, tais como phantasia, phantasma, phasma, que indicam claramente a desvalorização ontológica daquilo que significam. É a teologia bizantina que deu ao , enquanto imagem religiosa, suas modalidades plásticas, seus uso litúrgicos e sua significação disciplinar. Não somente o pensamento patrístico do ícone nutriu da reflexão contemporânea na fenomenologia da imagem, mas o termo mesmo de ícone foi diretamente retomado pelas filosofias da arte que tratam da “” ou da “iconografia” (p.ex. Erwin Panofsky) e as semiologias em continuidade ao pensamento de C.S. Peirce. Les Notions philosophiques, PUF, 1990
Simbolismo
Richard Temple
Do ponto de vista do buscador espiritual as ideias retratadas nos têm que ser tomadas em relação ao homem porque é para o homem — para nós mesmos — que elas finalmente se referem. As convenções visuais e as técnicas de pintura do ícone visam criar contextos anagógicos ou simbólicos ao nível da vida material mas que existem profundamente dentro de seu ser.
Percebemos o mundo pela mente e os cinco sentidos, mas estes instrumentos não são nem adequados nem acurados para a orientação no mundo que jaz além das aparências. Se confiamos na mente e nos sentidos externos somente, obtemos um quadro distorcido da realidade.
Todas as religiões e caminhos espirituais ensinam que a alma do homem tem que fazer uma transição que é retratada em ícones e na literatura alegórica como a passagem do inferior ao superior, do exterior ao interior, da escuridão à luz e da morte à vida. Todas as cenas da Natividade, seja de Cristo ou da Mãe de Deus, ou de certos santos, referem-se ao renascimento no sentido espiritual. Esta ideia de uma transição ou ascensão é central para o significado místico dos ícones e da teologia da gnose. É a base das ideias nas quais o misticismo é fundado e depende, se é para ter uma ação em nossas vidas, de nossa compreensão que o mundo físico do corpo, dos sentidos de percepção e do pensamento racional, são, de um certo ponto de vista, ilusórios.
A vida misteriosa do Cristo toma um sentido especial para aqueles que, desejando despertar para uma nova vida dentro deles mesmos, identificam certa espécie de experiência interior com o assim chamado Cristo interior. Desde este momento, o alimento desta recém-nascida vida interior se torna uma matéria de disciplinas e exercícios interiores. Uma dificuldade levanta-se aqui para aqueles que continuam a abordar as ideias espirituais somente com a mente; eles estão em uma situação bastante diferente do trabalhador espiritual ou Hesicasta para quem a abordagem é agora uma questão de prática e não de aprendizado livresco. Tal homem necessita não estar preocupado com as especulação filosófica e intelectual a qual não tem mais qualquer significância e a qual pode realmente dificultar o trabalho prático. (Da mesma maneira um músico necessita não necessariamente estar preocupado com musicologia ou um artista com história da arte.)
Parece, de tudo que foi dito, que os ícones visam retratar diferentes estágios psico-espirituais ou cósmicos, não somente na vida histórica do Cristo mas também na vida do Cristo dentro de nós mesmos. Vimos que ele nasceu na escuridão (simbolizada também pelo dia mais curto do ano, à meia-noite, no Solstício de Inverno), em uma caverna, embora sob a influência direta das esferas superiores e da Luz.
Abade Stephane
O ícone não é uma pintura. Uma reprodução é uma profanação, enquanto o Ícone é uma “hagiofania”, quer dizer uma “visão santa” ou uma “visão de santidade”.
O ícone descende, não da Arte sagrada, mas da Arte litúrgica. Ele se situa ao nível da “Liturgia Celeste”, intermediária entre a liturgia terrestre e a Liturgia suprema “in divinis”.
O ícone não é uma imagem santa, mas uma “santa imagem”, assim como se diz do Espírito Santo, da Santa Virgem, etc.. Ele é uma manifestação da Santidade imanente à Divindade.
O ícone é uma “re-presentação’ objetiva da Divindade transobjetiva e trans-subjetiva, além do sujeito e do objeto.
O ícone é um modo da presença divina; enquanto a Eucaristia conduz à Substância, o ícone conduz à Hipóstase, pela semelhança da Imagem.
O Cristo é a o Verdadeiro Ícone: vera icone; de onde viria por deformação “Verônica”, nome da santa mulher que enxugou a face do Cristo durante a subida ao Calvário (a lenda reporta que os traços do Salvador ficaram impressos sobre o linho do qual ela se serviu). O ícone é a “Imagem do Pai, a marca de sua Substância” (Hb 1,3).
O ícone irradia a Luz do Tabor e olha o espectador: a perspectiva é invertida.
O ícone é “não feito de mão humana”.
O ícone é “sem origem”: a lenda atribui a São Lucas.
O iconógrafo é um monge que “ora com lágrimas”. Assim como a Eucaristia, o ícone é o prolongamento da Encarnação do Verbo; é inconcebível fora da perspectiva cristã.
O ícone deve ser executado, segundo as regras canônicas, em conformidade com seu Protótipo celeste.
Iconografia Cristã
- Páginas na Internet:
- Christian iconography; or, The history of Christian art in the Middle ages — (Volume 1) e (Volume 2)
- Guide de l’iconographe
- Manuel d’iconographie chrétienne grecque et latine
- Recherches Sur l’Iconographie de l’Evangile
- L’art religieux du XIIIe siècle en France: étude sur l’ iconographie du Moyen Âge
- Nossas
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