Ícones da Mãe de Deus

ICONOGRAFIA — ÍCONES DA MÃE DE DEUS


Simbolismo
Richard Temple: Icons and the Mystical Origins of Christianity

A vida da Mãe de Deus é representada na sequência de ícones conhecida como a carreira do Festival na Iconóstase. Aqui os eventos da vida de Cristo estão inseridos na série que começa e termina com a vida da Virgem, implicando que a vida de Cristo está contida dentro da vida de um ser humano.

Uma vez mais a forma e conteúdo dos ícones, nos quais “eventos” da vida da Virgem são representados, são tais que seu significado mais alto nos eludirá se os tomamos somente ao nível histórico ou literal. Veremos que o sentido mais profundo dos ícones da Theotokos (Portadora de Deus) transcende os aspectos físicos de seu ser e é puramente espiritual. Ao mesmo tempo necessitamos para compreender que a transcendência é um processo, uma passagem ou jornada em direção ao espírito que começa ao nível mais baixo da matéria. De acordo com a tradição, a Mãe de Deus está associada com a terra e a matéria. É neste nível, na fundação da humanidade, que a vida do espírito está plantada como uma semente, toma raízes e cresce para o alto.

A humanidade da Virgem é mais acessível a nós que a de Cristo. Ao mesmo tempo, este aspecto do ser da Virgem tão enfatizado na tradição sagrado, nomeadamente sua pureza ou “imaculidade”, é a diferença ente ela e nós. Que ela alcançou o estado de pureza nos mostra o nível de perfeição espiritual que o Hesicasta pode alcançar através das disciplinas de atenção interior e oração. De fato, neste estudo devemos considerar a ideia que a Mãe de Deus realmente era ela mesma uma Hesicasta.

Os eventos da estória da Virgem representados na iconografia vêm principalmente do Protoevangelium e do Pseudo-Mateus (v. Apócrifos). Estas obras apócrifas primitivas são tomadas pela Igreja como “tradição” mas, de acordo com a teologia doutrinal, os eventos que recontam não são considerados como fatos históricos e são oficialmente relegados à categoria de lendas piedosas.

Os Hesicastas, por outro lado, obviamente os consideravam como tendo uma importância muito maior pois foi em um período de intensa atividade hesicasta, ou seja, no renascimento do século XIV, que estas estórias não-canônicas alcançaram a proeminência que tinham detinham desde sempre.

Vemos uma maravilhosa manifestação deste novo movimento em mosaicos e afrescos do famoso Karyie Djami, ou [wiki base=”pt”]Igreja da Chora[/wiki]e construída entre 1320 e 1340 em Constantinopla. A renascença hesicasta, que começou no Monte Atos sob Gregório Palamas floresceu em Constantinopla sob os imperadores da [wiki base=”pt”]dinastia Paleóloga[/wiki] e foi dada expressão artística sob o patrocínio de tais intelectuais como [wiki base=”pt”]Teodoro Metoquita[/wiki], o filósofo e estadista, cuja Igreja de Chora é amplamente considerada por ser om dos maiores monumentos sobreviventes da arte bizantina na era Paleóloga. Este impulso junto com sua expressão artística, logo passaram à Rússia, onde fundamentaram, não só a espiritualidade de1 como a arte de seu discípulo [wiki base=”pt”]Andrei Rublev[/wiki], e ainda mais toda a atividade espiritual e iconográfica por centenas de anos na Rússia. Não seria um exagero dizer que todos os ícones russos, do final do século XIV ao início do século XVI, contêm uma dimensão de espiritualidade que se fundamente no hesicasmo e que está ausente, ou em declínio, nos trabalhos mais recentes.

Cenas da vida da Mãe de Deus, da iconografia dos séculos XIV e XV, são veículos cuja função primordial é conferir um sentido espiritual.


*ÍCONE DA MÃE DE DEUS ENTRONADA
*ÍCONE DA NATIVIDADE DA VIRGEM
*ÍCONES APRESENTAÇÃO VIRGEM TEMPLO
*ÍCONES DA ANUNCIAÇÃO
*ÍCONES DA DORMIÇÃO


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