Hesiquio Batos Centuria 1,11-20

Hesíquio de Batos ou o Sinaíta — Capítulos sobre a Sobriedade e a Vigilância
11. “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no reino dos céus, mas aquele que pratica a vontade de meu Pai” ( Mt 7,21 ). Ora, a vontade de Deus é “detestar o mal” ( Sal 97,10 ). Pela oração de Jesus, detestemos os maus pensamentos, e está cumprida a vontade de Deus!

13. Vou indicar, em seguida, de quantas maneiras, a meu ver, a sobriedade purifica o espírito dos pensamentos apaixonados…

14. A primeira forma de sobriedade consiste em vigiar rigorosamente a imaginação e a sugestão, pois sem a imaginação Satã é incapaz de formar pensamentos, para apresentá-los ao nosso espírito e iludi-lo com sua mentira.

15. A segunda forma consiste em guardar sempre o coração num silencio e numa profunda trégua de tudo. E orar.

16. A terceira consiste em chamar Jesus em nosso auxílio incessantemente, com moderação [sophrosyne].

17. Outra, em conservar ininterruptamente na alma a lembrança da morte.

18. Todas essas práticas detêm os maus pensamentos, à maneira dos janízaros. Sobre o método importante, que consiste em olhar apenas para o céu e considerar a terra como nada valendo, vou alongar-me mais em outra ocasião, se Deus quiser.

20. O combatente espiritual deve, a todo instante, possuir quatro coisas: moderação, extrema atenção, espírito crítico e oração. A moderação, porque esse combate opõe-nos aos demônios, inimigos da moderação, de modo a conservar, ao alcance do coração, o Senhor, que detesta os orgulhosos. A atenção, para impedir que o coração encerre qualquer pensamento, sejam quais forem suas boas aparências. O espírito crítico, para que, vendo perfeitamente o recém-chegado, seja possível replicar-lhe com ira, no mesmo instante. A oração, logo após discernimento, para gritar do fundo do coração, para Cristo, com inexprimível gemido. Então, o combatente verá o inimigo dissipar-se no nome santo e adorável de Jesus, como a poeira ao vento, e desaparecer como fumaça, com suas imaginações.