Segundo Relato: Gn 2,20 – nomear animais, não os reconhecendo como ajuda

Chouraqui

20 Le glébeux crie des noms pour toute bête, pour tout volatile des ciels, pour tout animal du champ. Mais au glébeux, il n’avait pas trouvé d’aide contre lui.

Nothomb

[(2,20 E o Homem deu nomes a todo o gado e a todas as aves dos céus e a todos os animais do campo, mas para o Homem ele não encontrou ajudante semelhante e oposta a ele.)]

A segunda menção ao Homem nesta frase parece supérflua, mas não vejo repetição nela. Como mais adiante no versículo 22, creio ser bastante intencional e significativo nos lembrar que antes da infeliz “nomeação” da Mulher, ela existia, sem nome, mas por sua própria “consciência de existir”, tanto quanto o Homem (masculino), sob a forma de Homem (feminino). Ela não virá, portanto, a existir, como em nossas Bíblias, extraída da costela do Homem, que teria permanecido exclusivamente masculino até então. Existe desde a concepção do Homem em 2,7, paralelamente à sua Criação em 1,27 tanto “masculino quanto feminino”. O que vai acontecer não é o aparição de uma nova Criatura, mas a descoberta recíproca, pelo Homem masculino como pelo Homem feminino, de que são um para o outro “ajuda por sua vez semelhante e oposta a ele”, que nem um nem o outro encontra entre os animais.

Leo Schaya

Se a Escritura fala aqui, por um lado, de um acontecimento ocorrido no paraíso terrestre entre o homem e os animais, alude, por outro, ao fato de que não foi apenas destes últimos, mas de “todos os alma viva.” Veremos mais de perto as implicações edênicas desse mistério; digamos desde já que se trata de uma reflexão, ao nível do paraíso terrestre, da “apresentação” de todos os seres ao Homem universal de onde provêm e que os reconhece e os determina como seus ” compossibles” chamando-os por seus “nomes”. Essa objetivação opera como se por uma rota circular manifestando e individualizando o conjunto de seus “compossíveis” cada um dos quais “se assemelha” a ele em tal ou tal aspecto, sem se identificar ou “unir-se” totalmente com essa “união” só ocorre por o ponto final do círculo—Eva—que se junta ao seu ponto de partida—; pois antes que a Escritura o confirme, “Ele (Deus) não encontrou para o homem uma ajuda em seus costados”. Esta «ajuda», Adão a obtém somente pela objetivação total de sua própria feminidade ou receptividade espiritual e corporal. Sua mulher devia ser a síntese final e perfeita de todos seus outros «compossíveis», de todos os seres participando a seu ser ao mesmo tempo divino e humano. Todas as formas deviam se resumir na forma mais bela, aquela de sua esposa, e todas as substâncias dando corpo a estas formas deviam encontrar sua fusão ideal na «carne» paradisíaca de Eva.

Assim, Eva estava destinada a ser a personificação perfeita da receptividade própria e universal de Adão. Nela, ele poderá se dar a ele mesmo e se receber ele mesmo, se unir a ele mesmo e ser um, à imagem de Deus, que é um e se une a Ele mesmo. Deus se dá eternamente a Ele mesmo por sua Revelação própria a Ele mesmo, Revelação que Ele «recebe» na sua Feminidade infinita; e Ele «faz o homem a sua imagem e a sua semelhança»; Ele o «criou masculino e feminino», a fim de que o homem não se faça senão um com sua mulher e realize aqui em baixo o Mistério da União suprema: o Uno. [SchayaCD:424-425]

Fabre d’Olivet

20. Ainsi donc, Adam assigna des noms à l’espèce entière des quadrupèdes, à celle des oiseaux, et généralement à toute l’animalité de la nature ; mais il fut loin d’y trouver cette compagne, cette aide élémentaire, qui, émanée de lui-même, et formée dans la réflexion de sa lumière, devait lui présenter son image réfléchie.

LXX

(2:20) και εκαλεσεν αδαμ ονοματα πασιν τοις κτηνεσιν και πασι τοις πετεινοις του ουρανου και πασι τοις θηριοις του αγρου τω δε αδαμ ουχ ευρεθη βοηθος ομοιος αυτω

Vulgata

(2:20) appellavitque Adam nominibus suis cuncta animantia et universa volatilia caeli et omnes bestias terrae Adam vero non inveniebatur adiutor similis eius