Relato dos Seis Dias: Gn 1,6 – separação das águas

Chouraqui

6 Elohîms dit: “Un plafond sera au milieu des eaux: il est pour séparer entre les eaux et entre les eaux”. Elohîms fait le plafond.

Nothomb

[(Gen 1,6: E «Deus» pensou: que haja a extensão no interior das águas, e que ela separe entre águas e águas.)]

Depois do tempo, o espaço. Como da obscuridade indiferenciada do caos primordial Deus fez brotar a luz, se dedica agora à massa das águas, simbolizando a matéria eterna a fim de dela tirar a extensão. Uma extensão separando as águas das águas. Para a cosmogonia objetiva, é a concepção, exposta em nota nas nossas bíblias, de um firmamento sólido contendo as cataratas prontas a se derramar sobre a terra, como elas o farão quando do dilúvio, e donde se escorrem periodicamente as chuvas benfazejas como de um reservatório. Mas para a cosmogonia subjetiva, a extensão aqui suscitada o é dentro da cabeça do Homem. Ela é a princípio, ela também, mental. Tão impalpável quanto o tempo, ela significa a abertura do espírito para o imaginário, a representação, a beleza. Como o tempo, o espaço existe como uma categoria antes de se tornar mensurável. Deus ele mesmo é suposto o pensar antes de o fazer. Mas a passagem ao ato parece muito menos imediata, menos fácil que, no caso da luz, que brotou logo “pensada” pelo Criador.

Souzenelle

[(E disse ‘Elohim: Haja uma extensão no meio das águas e que seja ordem de separação entre o que vem do mar e o que vai para as águas.)]

O verso anterior foi dedicado à Luz este é dedicado às Trevas

Sob o símbolo das águas, a escuridão, irrealizada, não pode ser “visão” de Deus

Não é TOB realizado, mas RA’ irrealizado Este segundo dia é o único dos seis dias de Gênesis que não será “visto” por Deus porque apenas expressa o irrealizado

Ele é RA’. Está centrado na palavra RAQI Ά, !’ “extensão”, que contém discretamente este RA’

RAQI’A é o mergulho de QI em RA’

RA’ é então uma matriz, o Yod é o Germe nesta matriz, o Qoph ק, o cordão umbilical vindo de Elohim para nutrir e fazer crescer o Yod, יהרה

RAQI’A é comida: “verdura” levada à “fonte”

Ela já é a “Salvadora” que se dá como alimento

Ela é a “vara” do Yod que crescerá na “vara de Jesse”

Separa יהוה de Elohim e os une

Que haja uma extensão no meio das águas
Este “meio” é “meu sinal em ti” parece dizer ‘Elohîm

Que seja uma ordem de separação

Esta separação é a primeira etapa necessária de um processo de união
que implica antes de tudo a saída da confusão

Entre o que vem do mar de luzes e o que vai para as águas

Um cordão umbilical une a criança à mãe:
a mãe é a origem, a criança o destino

O mar de luzes, proveniência do alimento,
será chamado de “águas que estão acima da extensão”

Estas águas são divinas, incriadas
As águas para as quais o alimento é destinado serão chamadas
“as águas que estão abaixo da extensão”
São a criação em seu estado inacabado
As primeiras são incognoscíveis
As segundas são chamadas para serem conhecidas, nomeadas,
desveladas como um mulher amada, casadas

O Raqi’a é o cordão umbilical fundamental
que liga o Pai-Mãe-incriado-‘Elohim ao Gérmen-criado-incriado-יהוה, e que os separa

Esta separação é o princípio de espaços e tempos interiores
ao Homem e todos ligados pelo cordão nutritivo que vem de Deus
Este cordão é implantado no Yod, Gérmen Divino no Homem, escondido em
seu último espaço, sua última “terra” mais profunda, “terra prometida”…

A visão de Jacó começa a tomar forma:
“Jacó viu uma escada colocada no chão,
cujo topo alcançava o céu…” (Gênesis 28:12)

Fabre d’Olivet

6. Déclarant ensuite sa volonté, il avait dit, LUI-les-Dieux : il y aura une expansion éthérée au centre des eaux ; il y aura une force raréfiante opérant le partage de leurs facultés opposées.

LXX

(1:6) και ειπεν ο θεος γενηθητω στερεωμα εν μεσω του υδατος και εστω διαχωριζον ανα μεσον υδατος και υδατος και εγενετο ουτως

Vulgata

(1:6) dixit quoque Deus fiat firmamentum in medio aquarum et dividat aquas ab aquis