Relato dos Seis Dias: Gn 1,3 – que haja luz…

Chouraqui

3 Elohîms dit: “Une lumière sera”. Et c’est une lumière.

Nothomb

[(1,3 E “Deus” pensou: que haja luz, e houve luz.)]

Eis a proposição principal “Deus pensou”. Esquece-se sempre em nossas bíblias que o verbo ‘MR (pronunciado “amar”) quer dizer “pensar” assim como “dizer”, e que Deus aqui pelo menos sendo representado só, antes que faça brotar a luz, digamos a inteligência, na “cabeça” (Bereshith) do Homem, não há verdadeiramente lugar para se falar de subterfúgio, sob pretexto que isto seria sua “palavra” que é criadora. Notemos de passagem que a palavra hebraica para “palavra” “davar”, assim como o verbo correspondente, é quase ausente da Bíblia das Origens onde só figura uma vez (em Gn 8,15).

Logo, ficamos sabendo, Deus pensou em linguagem humana, mas com um tal poder, na luz, que ela foi. O hábito da cosmogonia objetiva impõe a aproximação com o “Big Bang”. Mas o texto se orienta em uma direção totalmente diferente. As estrelas e os astros não aparecerão senão no “quarto dia”. Esta luz que brota em primeiro lugar é então mental. Ela se acende na cabeça do Homem. Ela não vai suscitar galáxias mas o tempo. A categoria do tempo.

[(Literalmente “E Deus viu a luz que boa”. Em cinco outras ocasiões na sequência do relato, a mesma fórmula sem a menção da luz retornará para aprovar a obra completada. “E Deus viu que isto era bom” traduzem nossas bíblias. O hebreu é mais sóbrio “E Deus viu que bom” a cópula estando subentendida e sem o valor temporal que a “concordância dos tempos” lhe dá obrigatoriamente em português. Mas este “satisfecit” divino não intervém senão depois de certas verificações e operações complementares. Aqui é imediato. Deus declara de pronto boa (e bela, a mesma palavra em hebreu) a luz. Mas em a separando da “obscuridade” — citada acima como um elemento do «tohu-bohu» — dá sentido e existência a esta obscuridade até aí sem contorno, a faz entrar de certa maneira no campo da luz em a iluminando, e mostra assim que esta designa, ao invés da inteligência que a distingue, a consciência que integra. A consciência global que caracteriza a Realidade perfeita que Deus Cria — aparentemente por etapas — no cérebro do Homem da origem.)]

Souzenelle

[(E Deus disse: será Luz e Luz é)]

A palavra divina é Luz em si mesma

‘Elohim dizendo é ‘Mãe’. Ele cria

A palavra divina é criativa

Fabre d’Olivet

3. Or, il avait dit, LUI-les-Dieux ; la Lumière sera, et la Lumière avait été.

LXX

(1:3) και ειπεν ο θεος γενηθητω φως και εγενετο φως

Vulgata

(1:3) dixitque Deus fiat lux et facta est lux