Evangelho dos Egípcios [KDNH]

O realidade, é “O (santo) livro dos Egípcios a propósito do Grande Espírito Invisível, o Pai”, título que abre e fecha o escrito. Isso significa que este tratado nada tem em comum com o 1, o filho três vezes macho, a virgem-macho Ioel, Esefech, a maravilhosa, filho do filho e coroa de sua glória, o grande Doxemedão-Eão, os tronos que estão nele, as Forças que o cercam, as Glórias e os Incorruptíveis e o seu Pleroma inteiro, que já mencionei, e a terra etérea, que recebe Deus, onde o santo homem da grande luz recebe (sua) imagem, o homem do Pai, do Silêncio, do Silêncio Vivente, o Pai e todo o seu Pleroma, como já indiquei.

Set é enviado ao mundo como salvador (p. 62,24-64,9):

Então o Grande Set foi enviado pelos quatro Luminares, pelo bem querer do Autógeno e todo o Pleroma, segundo o dom e o bom grado do Grande Espírito invisível, dos cinco Selos e do Pleroma inteiro. Passou através das três parusias que mencionei — o dilúvio, a conflagração e o juízo dos Arcontes, das Forças e das Autoridades — para salvar a raça perdida, por meio da reconciliação do mundo e pelo batismo, através do corpo do Logos gerado, que o grande Set preparou para si mesmo secretamente na virgem, de modo que os santos possam ser gerados pelo Espírito Santo, pelos símbolos secretos invisíveis, por reconciliação do mundo com o mundo, pela renúncia ao mundo e aos deuses dos treze Eões, pelas assembleias dos santos, dos Indizíveis e das Matrizes incorruptíveis e pela grande luz do Pai, que preexistiu com sua Providência e que estabeleceu por meio dela o santo batismo, que supera os céus, pelo incorruptível Logos gerado, Jesus Vivente, aquele que o Grande Set designou. E, através dele, imobilizou as Forças dos treze Eões e determinou aqueles que são gerados e levados. Ele os cingiu com a armadura da gnose dessa verdade e com uma força invencível de incorruptibilidade.

Por vezes, o texto resvala para o gênero hínico. Eis um exemplo, um hino encantador (p. 66,9-22).

Verdade de verdade! Ó Iesseus Mazareus Iessedekeus! Ó água viva! Ó filho do filho! Ó nome glorioso!

Verdade de verdade! Eão da existência! Iiii êêêê eeee oooo uuuu ôôôô aaaaa!

Verdade de verdade! Êi aaaa ôôôô! Ó Existente que vê os Eões!

Verdade de verdade! Aee êêê iiii uuuuuu ôôôôôôôô, que és eternamente eterno!

Verdade de verdade! Iêa aiô, no coração, que existe, u aei eis aei, ei o ei ei os ei!

Por fim, a subscrição do escriba, Eugnosto-Congessos (Concessus), permite-nos entrever como o redator (ou copista) situava-se a si próprio nessa revelação (p. 69,6-20):

O

  1. O texto evoca dessa forma a androginia primordial dos seres celestes.