Evangelho de Tomé – Logion 63

Pla

Jesus disse: Havia um homem rico que tinha muitos bens (krema, dinheiro, fortuna). Disse: Empregarei meus bens em semear, cultivar, plantar, preencher meu granel de frutos, de maneira que não me falte nada: eis aqui o que pensava em seu coração. E aquela mesma noite morreu. Que aquele que tenha ouvidos, ouça. [Rico Tolo]

Puech

Suarez

Meyer


Roberto Pla

O texto do logion tem seu paralelo canônico em Lucas [Rico Tolo], embora aqui apareça a parábola mais desenvolvida. O que no terceiro evangelho serve de pretexto para o relato é uma advertência de Jesus na qual aconselha guardar-se de cobiçar os bens que não são fiáveis posto que não servem para assegurar a perdurabilidade da vida.

Também é esta a ideia que parece querer expressar o logion, embora não se defina de uma maneira direta, senão até certo ponto, velada. Isto é ao menos o que sugere essa frase repetida tantas vezes nos escritos evangélicos como final de uma locução de duplo fio: “aquele que tenha ouvidos, ouça”, e que sempre é um aviso de que sob a capa superficial, de fácil apreensão, do relato, há outro sentido mais profundo, embora sobreposto, que serve com inteira fidelidade ao projeto dos evangelistas.

Não resulta demasiado difícil descobrir o sentido guardado nas dobras do logion. Os bens múltiplos reunidos pelo rico – homem rico — e recordem-se que a “riqueza” testamentária é expressão geral dos “agregados” de qualquer índole com os quais a psyche se identifica — consistem em definitivo em ser só palha para o vento do aion.