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Pla
Jesus disse: Desde Adão até João Batista, entre os que nasceram de mulher não há mais elevado que João Batista, de modo que seus olhos não serão destruídos. Mas digo: Aquele que entre vós se torne pequeno conhecerá o reino e será mais elevado que João.
Puech
Suarez
Meyer
Canônicos
Roberto Pla
João Batista é sem dúvida um personagem histórico, inclusive, aparece bem documentado na história extra-testamentária; mas os autores dos evangelhos, excelentes hermeneutas, conseguem explicar em via paralela à vida manifesta do Batista sua vertente oculta fundada em matizes profundos de sua significação psíquica.
Daí que no evangelho encontramos duas formas diferentes de enfocar a figura do Batista, duas formas que são complementárias entre si e que há que ter presente se se quer perceber uma imagem inteira do Precursor segundo o evangelho.
O que uma leitura nova, não condicionada pode nos dar com respeito a João Batista é o protótipo do homem psíquico universal, o arquétipo do homem comum, do homem integrado enquanto consciência por dois princípios que conhece: corpo (soma) e alma (psyche). É pois, João Batista, um espécime superior do Adão primeiro, constituído em “Adão, alma vivente”.
De acordo com o esquema do plano de Deus que se descobre passo a passo no curso do relato evangélico, ao protótipo do homem nascido de mulher, o Batista, lhe corresponde abrir, desde de sua ínsula psíquica, desde seu deserto interior, as trilhas por onde deverá caminhar a consciência para bater por si mesma nas portas do Reino.
O que espera ao homem além das portas, uma vez abertas, é o homem “nascido do alto”, esse homem segundo que difere do primeiro em que sua consciência ainda não foi transferida a um morador, o espírito, até então desconhecido e denominado “o espírito que dá vida”. Por ser o segundo homem que aparece segundo a ordem da economia mundana, diz dele Jesus, em parábola, que é o “último que será primeiro”.
Ao homem celeste só se alcança mediante ação purgativa interior sustentada, cuja consciência paulatina, gradual, é a identificação da consciência renovada, renascida, por meio de uma morte diária a todos os agregados e apegos errôneos, com o homem espiritual eterno, cujo protótipo evangélico dentro do Reino é o Filho do homem, o Cristo interior oculto.
Daí que a mensagem da Boa Nova deva começar necessariamente pelo Batista. Isto é o que fazem os evangelistas. Em conformidade com ser este um homem psíquico superior, situado já em lugares muito próximos às portas, começa o Batista por promulgar o Reino, que consiste, segundo os sinópticos, em um batismo de conversão, isto é, em uma imersão da psique para proceder à purificação ou lavagem dos conteúdos da alma.
Só quando as águas estão claras, pacificadas, é possível contemplar o insondável Reino celeste que como um tesouro reluz no fundo delas, “muito próximo”, em nós. A bandeira de recrutamento desta proclamação é o texto de Isaías mencionado por João: “No deserto (em vossa seca e árida solidão interior) abri caminho ao Senhor, trace um senda reta” (Jo 1, 7-8).
- Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas. (Mt 3:3)
- Como está escrito nos profetas: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. (Mc 1:2)
- Segundo o que está escrito no livro das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; Endireitai as suas veredas. (Lc 3:4)
- Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. (Jo 1:23)
No primeiro capítulo de seu evangelho oferece Lucas muitos dados concernentes aos nascimentos de João e Jesus (vide Encarnação). Sobre certa simbologia solar neste capítulo de Lucas e em outras passagens dos evangelhos, ver Sol. Ver em seguida João Batista e Batismo de Jesus.