Pla
Jesus disse: uma cepa da vinha foi plantada fora do pai e como não se fortaleceu, será arrancada com sua raiz e perecerá.
Puech
40. Jésus a dit : Un cep de vigne a été planté hors du Père et, comme il ne s’est pas fortifié, on l’arrachera avec sa racine et il périra.
Suarez
1 Jésus a dit : 2 un cep de vigne a été planté en dehors du Père 3 et, comme il n’est pas fort, 4 il sera extirpé par sa racine 5 et il périra.
Meyer
(1) Jesus said, “A grapevine has been planted away from the Father. (2) Since it is not strong, it will be pulled up by its root and will perish.” [Cf. Matthew 15:13; John 15:5–6; Isaiah 5:1–7; Gospel of Thomas 57; Matthew 13:24–30; Book of Thomas 144.]
Canônicos
Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada. (Mt 15:13; vide O mal de dentro)
Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada como vide estranha? (Jer 2:20)
Roberto Pla
A vinha, já o sabemos pela escritura, é o Filho do homem e quem planta as cepas é o Pai. Mas esta, a cepa, é o tronco da videira, e se se diz tronco é para diferenciá-la, no jogo da metáfora evangélica, dos rebentos que brotam da videira, os sarmentos nodosos, grandes e delgados de onde nascem as folhas e os cachos, que são o fruto.
- Eu sou a videira [ampelos] verdadeira, e meu Pai é o lavrador [georgos]. (Jo 15:1)
Assim deve-se entender que o Filho do homem foi plantado pelo Pai, ou melhor no Pai, pois como explicou Jesus em sua oração: “nós (Tu, Pai e eu), somos um” (Jo 17,22); mas se a totalidade das cepas que conformam a vinha é o Filho do homem, pois este não poderia ser todas sem ser ao mesmo tempo cada uma, assim como é a mesma luz a que ilumina em cada vela que se acende, se se toma a luz de cada uma da luz que vem do grande círio, ou única luz.
Esta é a grande parábola descrita por meio do relato da vinha, que serve para explicar desde a vertente oculta o mistério do Filho do homem, o qual é Jesus Cristo mas é também e ao mesmo tempo o homem último e essencial, o homem em si, vindo do céu. Se o apóstolo chama a este homem que a consciência desconhece porque está oculto nele, Adão, “espírito que dá vida”, é porque tal espírito é o Filho do homem, que não somente tem vida própria senão que ademais, a transmite ao todo o que vivifica.
- Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois o espiritual. O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu. (1Cor 15:45-47)
O rebento vivificado da videira é o sarmento, do qual se serve a escritura como alegoria do que chamamos primeiro homem — quer dizer, o que a consciência reconhece de ordinário e ao qual queremos nos referir quando dizemos “eu” —. O apóstolo chamou a este primeiro homem condenado a ser o último, Adão, “alma vivente”, com o que queria dizer, não o que tem e dá vida, senão que é vivente porque recebe e goza a vida temporal em usufruto. Do sarmento é do qual diz Jesus que não foi plantado por seu Pai celestial (v. O mal de dentro), e o diz em justiça e verdade, porque não é mais que um rebento que não nasce da raiz senão que brota diretamente do tronco, e o tronco é, já o dissemos, uma luz individual vinda da luz total do Filho do homem.
A dupla opção do sarmento, segundo a metáfora da videira contada no relato joanico, é bastante evidente e fácil de entender, pois refere-se ao duplo caminho em liberdade que cabe a todo homem enquanto “alma vivente”. O sarmento, pode permanecer na cepa, inteligentemente inteirado de sua unidade solidária com o tronco, com o homem pneumático em que se sustenta e com o resto das cepas da vinha, significadas sempre pelo Filho do homem; em tal caso, se diz desse sarmento que “dá muito fruto”. Mas também pode tentar o sarmento separar-se da videira, quando crê em sua cegueira que foi plantado fora do Pai.
Quanto ao drama desse sarmento separado há muitos textos testamentários reprobatórios, como aquele de Jeremias, ou como diz também o autor do Deuteronômio.
- Todavia eu mesmo te plantei como vinha – vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada, de vida estranha? (Jer 2:21)
- Porque a sua vinha é da vinha de Sodoma e dos campos de Gomorra; as suas uvas são uvas venenosas, seus cachos são amargos. (Deut 32:32)
O primeiro sintoma da pouca força solidária do sarmento é que suas uvas se tornam amargas. Isto ocorre contra toda esperança sobre ele concebida, pois o que se esperou dele e constituiu a causa de sua existência, é que alcançasse o conhecimento da unidade ao sumir-se no tronco e sua seiva, no espírito que é sua essência.
- E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. (Jo 17:11)