Pla
Jesus disse: ali onde tem três deuses, são deuses; ali onde tem dois ou um, eu estou com ele.
JESUS HA DICHO: ALLI DONDE HAY TRES DIOSES, SON DIOSES; ALLI DONDE HAY DOS O UNO, YO ESTOY CON EL.
Puech
30. Jésus a dit : Là où il y a trois dieux, ce sont des dieux; là où il y en a deux ou un, je suis avec lui.
Suarez
1 Jésus a dit : 2 là où il y a trois dieux, 3 ce sont des dieux; 4 là où il y en a deux ou un, 5 je suis avec lui.
Meyer
(1) Jesus said, “Where there are three deities, they are divine. (2) Where there are two or one, I am with that one.” [P. Oxy. 1.23–30 has been reconstructed to read as follows: “[Jesus says], ‘Where there are [three, they are without] God, and where there is only [one], I say, I am with that one. Lift up the stone, and you will find me there. Split the piece of wood, and I am there.’” See the notes for Greek Gospel of Thomas 30. On the conclusion of this version of the saying, cf. Gospel of Thomas 77:2–3. On the saying in general, cf. Matthew 18:19–20; Ephraem Syrus Exposition on the Harmony of the Gospel 14.]
P. Oxir. 1, V
Onde há (três, eles são) sem deus. E onde há (um) só, eu digo que eu mesmo estou com este um. Levante uma pedra e tu me descobrirás lá. Rache um peça de madeira, e eu estou lá.” (o que está entre parênteses está rasurado no texto)
Ephar. Syr.
Ali onde há só um, eu estou também… e ali onde há dois, estarei também.
Roberto Pla
Há algumas redações sinópticas muito próximas embora não idênticas a este texto (v. Onde houverem dois), mas só graças a que o logion eleva à categoria de deuses as individualidades que aqui se mencionam, resulta acessível sua exegese. De todas as formas é evidente que antes de efetuar tal estudo interpretativo é necessário esclarecer que coisa se quer significar aqui com a palavra “deuses”.
Ninguém ignora que, com efeito, o vocábulo “elohim” se refere, segundo o contexto, a deuses ou anjos, aparte de ter outras acepções significativas, embora em sentido figurado se aplicou em muitas ocasiões aos juízes, os quais são chamados “deuses” em virtude de seu magistério, porque “o juízo é de Deus”.
-* Assim no Salmo 138,1: “Em presença dos anjos, salmodiou para ti”. Assim traduzem Septuaginta e Vulgata, mas em outros se lê “deuses”; “Sir”, traduz “reis” e o targ. , “juízes”.
-* Mas no Salmo 82,1, o vocábulo “elohim” não tem o sentido de “juízes”. (Salmo LXXXII)
Por vários motivos, a exegese bíblica se inclinou a ver nos deuses julgadores do Salmo 82, não aos anjos da assembleia divina, tal como raciocina Jesus no evangelho, senão aos juízes terrenos sentenciados por Deus. Não é esse, por suposto, o que explica o salmo diretamente, pois ali são deuses ou anjos, em função de juízes, ou governadores divinos na assembleia celestial, os que aparecem sentenciados por Deus a cair desde sua espiritualidade de filhos do Altíssimo a uma nova situação coletiva de “príncipes” enviados ao mundo, isto é, de princípio ou essência preeminente nos homens mortais: “mas agora (a partir de agora) — diz o salmo — “como o homem morrereis, como um só caireis, príncipes” (Sl 82,7). Em sua resposta evangélica credita Jesus em si mesmo uma comissão confluente com a dos anjos julgadores, pois enquanto Filho de Deus confessa que ele é: “aquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo” (Jo 10,36).
Resulta que assim entendida, a mítica caída dos deuses da sentença, não é outra coisa que a “descida” e mistura do homem “criado” no sexto dia – dia sexto do mundo por Elohim Deus, na forma de pó cósmico plasmado por YHWH Deus e insuflado de vida (nefes = alma) de sua própria substância de YHWH (vide Bíblia das Origens). O princípio superior da nova formação foi, com efeito, o homem de luz criado por Elohim, quer dizer, o Filho de Anthropos cuja disseminação em miríadas de gotas de luz produziu os anjos da sentença, os filhos de Deus Altíssimo dos quais disse a epístola aos hebreus referindo-se a toda a raça humana que, “alguns hospedaram a anjos sem sabê-lo” (Hb 13,2).
-** Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos. (Heb 13:2)
Acerca da presença do anjo julgador, o espírito ou Filho de Deus que constitui a essência, o princípio superior, o “príncipe” de cada homem, são abundantes os testemunhos da Escritura. Assim, por exemplo, a parábola da “dracma” perdida que relata Lucas: cada consciência que se volta para a luz de seu princípio superior, o anjo ou espírito, “produz alegria ante os anjos de Deus” (vide [A Prata Perdida->breve6719]). Por sua parte, no evangelho de Mateus diz Jesus que os “anjos nos céus”, daqueles que se fizeram “pequeninos”, “veem continuamente o rosto de meu Pai que está nos céus” (vide Reino dos Pequeninos e Anjos)
Quanto à dignidade de ser juízes — governadores — na assembleia divina, tal como corresponde aos anjos, filhos de Deus, segundo se credita no Salmo LXXXII, Jesus não o esquece. Quando Pedro pergunta em nome de todos acerca da recompensa que deverá corresponder aos que seguem a Jesus, assegura este a todos o que o sigam na regeneração (até alcançar o nascimento do alto pela água e pelo Espírito), que “quando o Filho do homem se assente em seu trono de glória, os sentareis também vós em doze tronos para julgar às doze tribos de Israel”. Como se disse no plano de Deus: “esse será o dia em que os Filhos de Deus irão apresentar-se ante Senhor”.
Tem razão o logion quando afirma que “onde há três deuses, são deuses”, pois como disse Paulo Apóstolo:
-* Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores). Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele. (1Co 8:5-6)
No entanto, “onde há dois (deuses) ou um, quer dizer, se dão dois, Adão alma vivente e Adão espírito vivificante (o deus criado por Elohim e o deus plasmado por YHWH) “eu estou com ele”.
Isto o diz Jesus porque sabe que o Filho do homem é a luz que se resolve nas gotas de luz individuais. Este é um dos deuses. E outro deus, já o sabemos, é a alma vivificada, o ruah que depois de sofrer a tenaz purificação do pilão depositará seu fruto, já transformado em trigo do espírito, como “terço restante” (nesamah). Este é o bom ladrão que o Filho do homem depois de sua morte e ressurreição se elevará consigo ao Paraíso, uma vez consumada fielmente toda a obra a ele encomendada a ele pelo Pai “quando depois de santificado o enviou ao mundo”.
-* Tornou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Vós sois deuses? Se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada), àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, dizeis vós: Blasfemas; porque eu disse: Sou Filho de Deus? (Jo 10:34-36)
Suarez
P. Oxyr. 1 n° 5a
Jn 10.34 // Mt 18.20
Voici un logion dont l’interprétation, au premier abord difficile, peut bouleverser les idées communément admises sur le « salut ». Jésus annonce : là où il y en a deux ou un, je suis avec lui. Le singulier lui semble en contradiction avec deux et en accord avec un. Le caractère elliptique de la phrase laisse cependant entendre que le deux peut être assimilé à un par suite du lien entre les deux entités. L’expérience montre en effet que deux personnes réunies ont le souci de s’accorder, de communier, alors que c’est le souci d’affirmation qui domine dès qu’elles sont trois ou plus. Or, se soucier d’avoir raison, c’est s’affirmer comme distinct, comme démiurge. C’est pourquoi, Jésus dit : là où il y a trois dieux, ce sont des dieux et le sous-entendu est facile à deviner : je ne suis pas avec eux.
Le texte de Mt 18.20 montre un glissement vers ce qui est devenu, sous l’influence paulinienne, le corps mystique. Paul nous enseigne, en effet, que nous sommes rattachés au Christ, comme les membres sont rattachés au corps et que nous ne formons avec lui qu’un seul Corps, en dépit de la pluralité. Lc danger à éviter, mais qui n’a pu l’être, était d’apprécier la grandeur du « corps » en fonction du nombre.
[272] Le P. Oxyr. comporte une suite. Il correspond au logion 77, v. 7-8 où il a été placé en parallèle avec le texte copte.
Au sujet du v. 2 mutilé, les commentateurs avaient pris pour base la reconstitution de F. Blass faite en 1897 et à laquelle s’étaient ralliés en particulier les auteurs de l’édition princeps Grenfell et Hunt ainsi que H. G. Evelyn White déjà mentionnés précédemment (cf. log. 3) :
Jésus dit : là où ils [sont deux, ils ne] sont [pas sans] Dieu, et là où il y en a un seul, je dis que je suis avec lui.
En effet sans Dieu, [α] θεοί permettait de rendre compte de la forme pluriel θεοί attesté par le manuscrit grec sans avoir à recourir à l’explication de la faute de copie et de rester ainsi proche de Mt 18.20. A la suite de la découverte du texte copte on considère maintenant cette restitution comme tout à fait erronée1.
Cependant, même correctement reconstitué, le texte d’Oxyrhynque dénature le logion copte en tentant de le replacer dans un cadre monothéiste qui n’est pas le sien.
A propos du v. 5 reconstitué ainsi par F. A. Fitzmyer : μόνος[αύ]τώ : un seul pour lui, la plupart des critiques estiment qu’il faut lire Γ (γ) après le crochet2 au lieu de T et restituer ainsi : [ΛΕ]ΓΩ, je dis. N’ayant pu recourir au manuscrit original ou à un fac-similé, c’est le parti que nous avons adopté.
A. Guillaumont, Sémitismes dans les logia de Jésus, Journal asiatique 1958, p. 114. Cependant certain auteur ayant précédemment bâti sa démonstration sur la reconstitution de F. Blass continue à employer cette dernière. Cf. J. Jeremias, Unknoivn sayings of Jésus, op. cit., 1958, p. 95, et Unbekannte Jesusworte, Gütersloher Verlagshaus Gerd Mohn, 1963, et les éditions du Cerf, 1970, pour la traduction française (p. 104-105). A l’appui de sa thèse J. Jeremias indique que O. Hofius dans une reconstitution des papyrus d’Oxyrhynque parue en 1960 retomberait « en gros » sur le texte de Blass. ↩
Le P. Oxyr. est écrit en majuscules grecques. ↩