Evangelho de Tomé — Logion 17 <= LOGION 18 => Logion 19
Os discípulos disseram a Jesus: Diga-nos como será nosso fim. Jesus disse: haveis pois descoberto o princípio para que busqueis o fim? Pois ali onde está o princípio, ali será o fim. Bem aventurado aquele que se mantenha no princípio, pois conhecerá o fim e não provará a morte. Roberto Pla
Hermenêutica
Roberto Pla
O princípio e o fim são um só e o mesmo quanto ao homem pneumático, pois ambos consistem em ser Cristo vivo, o Filho do homem, segundo está dito: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro, o princípio e o fim.” (Ap 22,13)
Quando o homem não se reconhece a si mesmo como homem em Cristo, desconhece seu fim. Isto é o que ocorre com quem se interroga sobre o fim. Mas tal interrogação é uma tentativa vã de desvendar o futuro, como se o fim tivesse que ser buscado em uma resposta impressa no tempo. O que explica o logion é que o princípio e o fim não “passam” pelo homem como ocorre com a vida temporal mas que “estão” os dois no homem, “são” o homem, pois não são outra coisa que o Cristo interior ignorado, morto vivo, em cada homem. O que importa, segundo isto, é descobrir, ressuscitar, esse princípio que “é”, que foi sempre como princípio, e ele revelará o fim, o qual é também eterno pois foi constituído desde o princípio.
A identidade de princípio e fim, se estende também à de Primeiro e Último que Cristo reivindica; mas esta outra ordem é idêntica em Cristo e distinta fora dele. É o fato de “ser em Cristo” o que em todos os casos imprime a identidade e por conseguinte também a prioridade, assim como o fato de “ser” fora de Cristo é o que determina a distinção. Isto é o que explica a conhecida sentença de Jesus: “Há últimos que serão primeiros e há primeiros que serão últimos” (v. Últimos Primeiros).
Estuda então Roberto Pla a parábola dos Trabalhadores da Vinha, que se fundamenta no significado desta sentença, a qual confirma repetindo-a no final.
Jean-Yves Leloup
Há questões inúteis. Porque buscar saber onde vamos, o que vamos nos tornar, quando ignoramos de onde viemos realmente. O que somos hoje é o resultado do que fomos ontem; o que seremos amanhã será a consequência do somos hoje.
As questões sobre a origem e o fim nos levam ao hoje e é neste «hoje» — aqui e agora — que podemos apreender o princípio e o fim.
Heráclito dizia: «No círculo, o início e o fim se juntam». Cada ponto deste círculo pode ser considerado como princípio e fim. Cada momento presente em sua profundidade pode nos revelar o alfa e o ômega. Trata-se de se manter presente à Fonte de onde nasce o pensamento, a vida, o movimento e o ser…