Evangelho de Tomé – Logion 111

Pla

Jesus disse: Os céus passarão e a terra, em vossa presença; e o vivente saído do Vivente, não conhecerá nem morte, nem temor. Por isso disse Jesus: O que se encontra a si mesmo, o mundo não é digno dele.

Puech

Suarez

Meyer

Canônicos


Roberto Pla

Que os céus e a terra não são eternos e terão fim é sabido, pois além da lógica é seu término, posto que foram criados, o diz Jesus e se repete em muitos escritos testamentários.

Mas o logion acrescenta: “em vossa presença”, e com isso revela que o “passar” dos céus e da terra não só é uma dissolução universal, simultânea para todos que estejam no final dos tempos, mas também a consumação das coisas criadas que cada homem deverá presenciar em si mesmo, em sua consciência, quando venha a transformar-se no Vivente.

O Vivente é o que tem Vida eterna como propriedade. Jesus, Cristo oculto e pré-existente, é o Vivente e a fonte do Vivente. Tal como ocorre com o espírito do homem, que quando é ungido no Espírito se faz uno no Espírito; assim também, quem renasce do Alto, nasce como Vivente que sai do Vivente, uno na Glória infinita do Filho do homem.

Quem encontrou o mundo, e essa é a consciência natural do homem, tem diante de si a realidade do mundo; mas o que se encontra a si mesmo, já não se dá conta do “outro”, de que havia encontrado o mundo e que, em verdade, já não existe, porque passou.

De igual maneira, o que nasce como Vivente descobre que a única realidade é o tesouro inesgotável que é “uno” com o Pai.

Então o mundo se dissolve, para ele, deixa de ser. Os céus e a terra fogem da “presença” como névoa que se levanta ao amanhecer; e nada resta deles, como se nunca tivessem sido.

Resta o Vivente só, eterno, isento de medo, em realidade incomparável e suprema de ser sempre e para sempre na unidade de si mesmo.

“E todo o exército dos céus se dissolverá, e o céu se enrolará como um livro; e todo o seu exército desvanecerá, como desvanece a folha da videira e da figueira. … Mas tu és sempre o mesmo e teus anos não terão fim.” (Isa 34:4)

De certo, o mundo não é digno dele, do Vivente.

Suarez

Gillabert

Puech