Pla
Puech
110. Jésus a dit : Celui qui a trouvé [« trouvé » : ici, copte gine, et non pas he comme dans les logia 56 et 80] le monde et est devenu riche, puisse-t-il renoncer au monde!
Suarez
1 Jésus a dit : 2 celui qui a trouvé le monde 3 et est devenu riche, 4 qu’il renonce au monde !
Meyer
110 Jesus said, “Let someone who has found the world and has become wealthy renounce the world.” Cf. Gospel of Thomas [27:1; 81]
Mt 13,22
E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera. (Mt 13,22)
mt.13.22 ο δε [AND HE WHO] εις [AMONG] τας [THE] ακανθας [THORNS] σπαρεις [WAS SOWN,] ουτος [THIS] εστιν [IS] ο [HE WHO] τον [THE] λογον [WORD] ακουων [HEARS,] και [AND] η [THE] μεριμνα του [CARE] αιωνος τουτου [OF THIS LIFE] και [AND] η [THE] απατη του [DECEIT] πλουτου [OF RICHES] συμπνιγει [CHOKE] τον [THE] λογον [WORD,] και [AND] ακαρπος [UNFRUITFUL] γινεται [IT BECOMES.]
Mt 16,26
Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida? (Mt 16,26)
mt.16.26 τι γαρ [FOR WHAT] ωφελειται [IS PROFITED] ανθρωπος [A MAN,] εαν [IF] τον [THE] κοσμον [WORLD] ολον [WHOLE] κερδηση την δε [HE GAIN,] ψυχην αυτου [AND HIS SOUL] ζημιωθη [LOSE?] η [OR] τι [WHAT] δωσει [WILL GIVE] ανθρωπος [A MAN “AS”] ανταλλαγμα της [AN EXCHANGE FOR] ψυχης αυτου [HIS SOUL?]
Roberto Pla
Encontrar o mundo é “ser” o mundo além de “estar” nele 1. Fazer-se “rico” no mundo significa ter tomado para si as coisas do mundo convertidas em apegos com os quais aquele que é do mundo se identifica.
Aquele homem que encontrou o mundo e nele se fez “rico”, é um homem que vive na dualidade, é ele mesmo uma dualidade, posto que tornou robusta uma dicotomia poderosa, de uma parte com aquilo que realmente é, e de outra com todas essas “riquezas” mundanas que crê ser porque passaram a ser constitutivas de sua pessoa.
Para aquele homem convertido em dualidade, dolorosamente como toda dualidade, pede Jesus, como quem eleva uma oração, o mais difícil e ao mesmo tempo o mais maravilhoso: que seja capaz de renunciar ao mundo.
Renunciar ao mundo significa resgatar a realidade do Ser puro, “pobre”, não contaminado com essas riquezas aderidas; significa viver a verdade do Ser limpo de apegos superpostos, agregados ao Ser, é conhecer o Ser e alcançar a paz superior da vida na unidade.
Frente à dualidade não estável que se expressa como “Eu e o mundo”, quem renunciou ao mundo só encontra a unidade do Ser que se descobre em si mesmo como Eu Sou. Atrás da renúncia vem por si só a dissolução do mundo no que, segundo se compreende então, é possível “estar” sem “ser” do mundo.
A unidade perfeita, que não é exclusiva de nada, senão que abarca a totalidade, é a que Jesus explicava quando dizia: “Meu Reino não é deste mundo”.
O Ser não é exclusivo de nada, senão inclusivo de tudo, porque é o mundo mas sem limites, sem o cercado protetor que se levanta ao redor da pessoa que se inunda de riqueza do mundo. Por isso, a renúncia é sempre unidade, a unidade que se anuncia com o grito vitorioso: “Eu venci o mundo”.
Quando o logion menciona a quem a se fez rico no mundo, não parece que se refira especialmente às riquezas de ordem material, tal como dentro de uma ordem social, muito comum à exegese manifesta — mais sociológica que sacral — se interpenetram de ordinário as condenações evangélicas da riqueza.
Suarez
Ce logion est très près du log. 81.
Jésus, avec son réalisme coutumier, loin de prôner une vertu par défaut, une vertu du non-vécu qui trouverait sa récompense dans le ciel, nous présente des personnages qui, s’ils renoncent au monde, savent ce à quoi ils renoncent.
Leloup
- Como no Logion 81, Jesus nos lembra que só se pode renunciar aquilo que se possui. A questão então passa a ser o que “se possui” efetivamente? O que se pode dizer de “minha” posse?
- O trans-pessoal é imersão de toda pessoa na dimensão divina, não uma regressão a um estado pré-pessoal de fusão com a natureza.
- Questionado um gnóstico que vivia simples e de maneira austera, sendo rico de berço e de relações e saberes, porque e quando tinha renunciado ao mundo? Ele responde: “Jamais renunciei ao mundo. Jamais deixei o que quer que seja, mas pouco a pouco o mundo renunciou de mim; as riquezas me deixaram… sem dúvida já não mais precisava delas”.
- São João da Cruz em sua Subida do Monte Carmelo nos faz igualmente notar que em certo momento, não deixamos o mundo, mas verdadeiramente ele nos deixa. Aquilo que antes tínhamos prazer, não temos mais.
Gillabert
- Forte relação com o Logion 56 e o Logion 81
- O gnóstico não tem que renunciar o mundo pois seu conhecimento implica a renúncia.
- Aquele com riqueza e poder requer desapego se quer conhecer como o gnóstico, e assim renunciar como o homem de experiência no Logion 4
Ce logion est à rapprocher à la fois du logion 56 et du logion 81. Le logion 56 dit : « Celui qui connu le monde a trouvé un cadavre… » Ici, nous avons : « Celui qui a trouvé le monde… qu’il renonce au monde. » Le terme connaître est sans doute plus fort que trouver : celui qui connaît le monde le considère pour ce qu’il est réellement : un cadavre. Celui qui a trouvé le monde ne l’a pas vu nécessairement avec des yeux de gnostique. (En sanscrit jnana est le même terme pour connaissance et gnose.)
Le gnostique n’a plus à renoncer au monde car sa connaissance implique le renoncement. Autre est la condition de celui qui tout en ayant richesse et pouvoir entrevoit un processus de désengagement. S’il veut connaître, au sens que le gnostique donne à ce terme, il doit renoncer comme l’homme d’expérience du logion 4. A eux s’applique la parole de Jésus : « Beaucoup de premiers se feront derniers, et ils seront Un. »
Puech
- A “riqueza” pode ser associada à aquisição e à possessão do Conhecimento da gnosis, e a “pobreza”, neste caso, é sinônimo de agnoia ou agnosia, de “perda” ou de “obnubilação da consciência”, de “ignorância” ou de “mal conhecimento de si”: de “alienação” (anoia), “despossessão de si”
- No caso de riqueza, associada à aquisição e à possessão de bens do mundo, a pobreza deve simbolizar a liberação, o desprendimento, o desapego, a simplicidade, a pureza.
- ?ser-no-mundo[↩]