Evangelho de Tomé – Logion 11

Pla

Jesus disse: o céu passará e o que está sobre ele passará e os que estão mortos não viverão e os viventes não morrerão. Nos dias que comerdes o que está morto, os convertereis em viventes. Quando estiverdes na luz, que fareis? No tempo em que ereis um, haveis engendrado dois e agora, quando sois dois, que fareis?


JESUS HA DICHO: EL CIELO PASARA Y LO QUE ESTA SOBRE EL PASARA Y LOS QUE ESTAN MUERTOS NO VIVIRAN Y LOS VIVIENTES NO MORIRAN. EN LOS DIAS EN QUE COMAIS LO QUE ESTA MUERTO, OS CONVERTIREIS EN VIVIENTES. CUANDO ESTEIS EN LA LUZ, ¿QUE HAREIS? EN EL TIEMPO EN QUE ERAIS UNO HABEIS ENGENDRADO DOS Y AHORA, CUANDO SOIS DOS, ¿QUE HAREIS?

Puech

11. Jésus a dit : Ce ciel passera, et celui qui est au-dessus de lui passera, et ceux qui sont morts ne sont pas vivants et ceux qui sont vivants ne mourront pas. Les jours où vous mangiez ce qui est mort, vous en faisiez du vivant. Quand vous serez dans la lumière, que ferez-vous ? Le jour où vous étiez un, vous êtes devenus deux. Mais, quand vous serez devenus deux, que ferez-vous ?

Suarez

Jésus a dit : ce ciel passera
et celui qui est au-dessus de lui passera et ceux qui sont morts ne vivent pas et les vivants ne mourront pas.
Les jours où vous mangiez ce qui est mort vous en faisiez du vivant.
Quand vous serez dans la lumière, que ferez-vous ?
Au temps où vous étiez Un, vous avez engendré deux; mais étant alors devenus deux que ferez-vous ?

Meyer

(1) Jesus said, “This heaven will pass away, and the one above it will pass away. [Cf. Matthew 24:35; Mark 13:31; Luke 21:33; Matthew 5:18 (Q); Luke 16:17 (Q).]
(2) “The dead are not alive, and the living will not die.
(3) “During the days when you ate what is dead, you made it alive. When you are in the light, what will you do?1
(4) “On the day when you were one, you became two. But when you become two, what will you do?”

Mt 24,35

35 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.


Mt 5,18

18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido.

Mc 13,31

31 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.

Lc 21,33

33 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.


Lc 16,17

17 É, porém, mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.


Suarez

LOGION 11 [Mt 5.18 // Lc 16.17 // Mt 24.34-36 // Mc 13.30-32 // Lc 21.32-33 // Mt 8.22 // Lc 9.60]

Dans les canoniques, les caractères changeants du ciel et de la terre sont opposés tantôt à la pérennité de la Loi (Mt 5.18 // Lc 16.17), tantôt à la pérennité des paroles de Jésus (Mt 29.34-35 // Mc 13.30-31 // Lc 21.32-33); tandis que le texte correspondant de Ts (v. 2-5) oppose ce qui est voué à la disparition à ce qui vit. Or les vivants, au sens métaphysique du mot, ne meurent pas. Pour Jésus, le caractère contraignant et figé de la Loi n’est pas à mettre au bénéfice de la vie. Du reste le mot Loi est totalement absent de l’Évangile selon Thomas. Par ailleurs l’ajout des canoniques : avant que tout soit arrivé est un rappel parmi tant d’autres de l’avènement du Jugement dernier, avènement qui est étranger à Ts.

Enfin, la deuxième partie du logion (v. 9-13), qui a trait à la non-dualité, n’a pas sa contrepartie dans les canoniques, cette notion étant restée totalement étrangère au monde judéo-chrétien.

Roberto Pla

A transitoriedade do céu e da terra está bem atestada nos escritos testamentários. Os três evangelistas sinóticos coincidem em incluir a perícope na que Jesus diz que “o céu e a terra passarão”, e anteriormente o profeta Isaías já havia explicado com esse voo poético seu, não isento de precisão: “Os céus como fumaça se dissiparão, a terra como um vestido se gastará”. O céu é figura, com efeito, do mundo sutil: nuvens em seu sentido objetivo e conteúdos mentais no subjetivo, prontos em ambos os casos a dissipar-se como fumaça; quanto à terra é um revestimento ou cobertura externa do mundo e do homem, vítima inexorável da erosão temporal. No fato de passar consiste sua condição própria de coisa criada. Como é sabido, a atividade criadora de Deus se empregou unicamente nisto: no firmamento, chamado céus (no dia segundo) e na terra (no dia terceiro), além de todo o aparato de ambas as criações (v. outra interpretação, na qual a “criação” de Deus se resume a mente do homem, capaz de “fazer” tudo mais que lhe cerca: Segundo Dia e Terceiro Dia).

O apóstolo Pedro explica que os céus e a terra presentes estão reservados para o fogo. Seguramente se refere a este fogo do conhecimento que Jesus veio trazer ao mundo (quer dizer, aos céus e à terra que constituem o mundo) e por cuja ação devoradora de inspiração divina, no dia do Senhor, que chegará como um ladrão, os céus sutis se dissiparão e os elementos terrenos, abrasados, ficarão consumidos (2Pe 3,5-10).

A frase do logion que diz: e o que está sobre ele, passará, pode ser interpretada de duas maneiras. Segundo a primeira destas, se adverte que tudo aquilo que pertence ao mundo celeste, tal como o Adão psíquico feito do cósmico, é mortal, tão mortal como o terreno, o Adão hílico que reveste e protege o outro. A segunda maneira de ler a frase do logion implica em recordar que no Gênesis, Segundo Dia, se fala de um firmamento separando as águas.

O que diz em definitivo o logion é que não somente é transitório o céu mas também o céu dos céus. Daí que a revelação interior do Filho do homem, que sim é eterno, se diz que virá sobre as nuvens do céu, expressão com o que se significa que tal contemplação ou revelação não será possível sem atravessar antes a névoa ou nuvem do enigma sobre a qual cavalga a luz pura do Filho do homem. Por outro lado, se afirma que a residência do Filho do homem se acha ainda mais alta que a nuvem do céu dos céus, quer dizer na esfera do Ser, donde a Vida é eterna e não há de passar.

  1. Cf. Hippolytus Refutation of All Heresies 5.8.32: “So they say, ‘If you ate dead things and made them living, what will you do if you eat living things?’” In the light of this citation from Hippolytus, it is possible to imagine (so Hans- Martin Schenke, in an unpublished note) that the original wording of the saying may have been as follows: “During the days when you ate what is dead, you made it alive. When you are in the light, what will you do?”[]