Evangelho de Tomé – Logion 104

Pla

Eles lhe disseram: Vem, oremos hoje e jejuemos. Jesus disse: Qual é o pecado que cometi, ou em que fui vencido? Quando o esposo tiver saído da câmara nupcial, então, que jejuem e orem! [Retirar Esposo]

Puech

Ils [lui] dirent [Si l’on comble autrement la lacune (nis au lieu de naf) : « Ils dirent à Jésus ». : Viens, prions aujourd’hui et jeûnons. Jésus dit : Quel est donc le péché que j’ai commis, ou en quoi ai-je été vaincu ? Mais quand l’époux sera sorti de la chambre nuptiale, alors qu’ils jeûnent et prient!

Suarez

1 Ils lui dirent : 2 viens, prions aujourd’hui et jeûnons. 3 Jésus dit : 4 quelle est donc la faute que j’ai commise, 5 ou en quoi m’a-t-on vaincu ? 6 Mais, quand le marié sort de la chambre nuptiale, 7 alors, que l’on jeûne et que l’on prie !

Meyer

104 (1) They said to Jesus, “Come, let’s pray today and let’s fast.” (2) Jesus said, “What sin have I committed, or how have I been undone? (3) Rather, when the bridegroom leaves the wedding chamber, then let people fast and pray.” [Cf. Matthew 9:14–15; Mark 2:18–20; Luke 5:33–35; Gospel of the Nazoreans 2]


Roberto Pla

Pela terceira vez no Evangelho de Tomé encontram-se referências ao jejum e à oração: Logion 6; Logion 14

Os discípulos convidam Jesus a cumprir duas das três principais práticas de justiça (oração, jejum e esmola), segundo a Lei; mas os discípulos falam destas práticas em sentido manifesto e Jesus os responde segundo a vertente oculta que implica numa interpretação em espírito. Esta diferença proporciona o contraste conveniente para que o logion se expresse no habitual estilo paradoxal.

  • Para os judeus, a oração e o jejum eram, com a esmola, as três principais “práticas de justiça”.

O jejum que Jesus fala é a privação do alimento de Vida, o qual na linguagem de Jesus equivale ao pecado, posto que significa permanecer na deficiência, em ignorância da plenitude. Em seu sentido oculto o pecado se opõe à justiça, como as trevas à luz (vide Jejum).

Da oração diz Jesus que equivale à declaração de ter sido vencido e no Logion 14 havia dito: “Se orais os condenareis”. Isto se explica porque a oração entendida em seu sentido oculto, significa condenação da palha da alma e derrota do grão, do Ser; este é o duplo sentido, positivo e negativo, da oração, que convém entender (vide PlaOração).

Tanto esse jejum como essa oração de Sentido manifesto – ordem manifesta que “eles” pedem, é coisa indicada para os que vivem em alguma das formas de dualidade. Por isso, não no sentido pejorativo, senão como o mais solidário de seus sentimentos, pede Jesus que “eles” pratiquem esse jejum e essa oração.

Leloup

  • Se Deus está realmente presente, não há mais nada a orar nem a jejuar. Sua presença tudo preenche…
  • A câmara nupcial está plena de seu perfume…
  • Mas acontece que o Esposo sai da câmara, quer dizer que deixamos este estado de União entre o criado e o Incriado, então é necessário orar e jejuar para aí retornar…
  • Retornar do “exílio da Shekinah”, dizem os rabinos, não mais ser exilados da Presença, nos repousar na Sua câmara alta…

Gillabert

  • Mais uma vez os discípulos o convidam a orar e a jejuar com eles.
  • Confirma a hipótese de que a companhia de Jesus muda com o lugar e o tempo.
  • Na câmara nupcial, sou sem passado e sem futuro; não conheço nem Deus nem Lei. Se saio recaio sob o mando da lei.
  • O gnóstico não pode mais mudar de estado. Não pode conceber de se encontrar no plano psíquico. Para ele, o dois se tornou Um, não pela fusão de dois seres no amor, mas pela descoberta “de outro que Ele não é” e logo que ele não é outro que Ele.