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Jesus disse, o homem maduro não deixará de questionar uma criança de sete dias sobre seu lugar na vida e viverá. Ele saberá que muitos dos primeiros serão os últimos e que esses serão unificados.
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Roberto Pla
Dedicação ao Cristo interior
Nascimento desta consciência crística e sua infância, seus primeiros passos.
A revelação deste grande mistério na resposta à consulta de Nicodemos a Jesus (v. Nascer do Alto). Nicodemos, é dito, e não arbitrariamente que aproxima-se de Jesus de noite, o que significa necessitado, “vazio” de conhecimento. Ao final das contas esta expressão figurada, usada repetidas vezes pelos escritores testamentários, foi autorizada pelo primeiro autor do Gênesis: « E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. » — Gen 1:4-5.
Jesus abre sua grande lição mistérica com a afirmação de que é possível — não em sentido figurado, mas natural — experimentar um segundo nascimento, ou “regeneração” interior, nascimento «do alto», único sucesso que fará possível contemplar (ver) e integrar-se (entrar) no Reino de Deus. O que diz Jesus é que o Reino de Deus está dentro de nós e que sua revelação à consciência pura é possível. Para que tal coisa ocorra, é necessário passar antes por duas sérias e às vezes prolongadas experiências: primeiro, pela purificação que vem dispensada pela persistente imersão ou banho batismal, quer dizer, pela prática de conversão (ou metanoia), nas águas revoltas das tendências psíquicas e depois — quando tais águas começam a nos liberar da noite escura da alma — graças à chuva sustentada das línguas de fogo “derramadas pelo Espírito Santo em função de Paracleto, o qual transmite em forma de conhecimento de Deus, a sabedoria do Filho do Homem, o Cristo interior. Por isso diz Jesus que há que nascer “de água e de Espírito”.
A resposta popular ante a explicação deste mistério é aquela dos que não creem na Boa Nova, e falam como Nicodemo: “Pode por acaso entrar outra vez no seio de sua mãe e nascer?” Mas Jesus não fala dos “nascidos de mulher”, mas do nascido do Espírito.
Não há dúvida que este revelação era conhecida e ensinada em Israel, pois do contrário não teria sentido o questionamento de Jesus: “Tu é mestre em Israel e não sabes isto?”
E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. (Mt 19:28)
Com a locução “homem de anos” seguramente o logion só quer se referir a um homem adulto, especialmente a quem amadureceu em seu desenvolvimento espiritual e está pronto, por sua transparência de coração, a “respirar” as primeiras intuições do Ser e com elas a receber a consciência do Cristo Vivente. Será necessário crescer a fé no Cristo interior, para estabilizar o nascimento do alto, pois “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3,6), quer dizer, assim será possível em cada um o cumprimento da grande Promessa para esta geração que foi expressa com respeito a Davi: “O SENHOR jurou com verdade a Davi, e não se apartará dela: Do fruto do teu ventre porei sobre o teu trono” (Salmo 132,11).
Vide Reino dos Pequeninos
A referência ao pequenino de sete dias (sete vezes luz do espírito), responde a uma dessas formas figurativas usadas tradicionalmente pelo povo judeu para velar na penumbra poética o mistério, certas significações reais sob um peculiar traçado de números. Os números 12 e 7 são especiais neste sentido: doze = Conhecimento perfeito (epignosis) e sete = conhecimento imperfeito: Mt 13:11; Criação da instituição dos sete diáconos: Atos 6:5-7; Mc 8:14-21.
O conhecimento transmitido pelo nascido do alto, hóspede espiritual do homem maduro, só alcança o nível imperfeito do discípulo de “sete dias”. Não obstante, este homem que interroga sobre o verdadeiro “lugar” na vida, poderá alcançar segundo este processo, a Vida eterna própria do Cristo interior. Assim é com os últimos a chegar (v. Últimos Primeiros), os nascidos do alto (v. Nascer do Alto), os cordeiros do sacrifício, ignorados por todos até que a consciência se desperta e os revela, serão os primeiros a chegar ao Reino de Deus, pois como está dito: Sal 118:22