EVANGELHO DE JESUS — EVANGELHO DE JOÃO
Segundo Robert J. Miller, THE COMPLETE GOSPELS, desde os primórdios do cristianismo ficou claro que este evangelho se distinguia dramaticamente dos demais, os sinóticos. Em João quase nada encontramos do ensino de Jesus em parábolas ou de sua atenção aos pobres e alienados. Jesus não realiza exorcismos e raramente dá um ensinamento moral. Ele fala do Reino de Deus em somente uma ocasião, mas clama um reino dele mesmo. Virtualmente nada é aqui encontrado das escatologia encontrada nos sinóticos.
São os discursos de Jesus, seus longos monólogos sobre a verdade, a vida, a luz, que distinguem o retrato de Jesus deste evangelho. Disto quase nada se encontra nos sinóticos, e parece ser expressão: em parte de uma tradição única de Jesus, e em parte a interpretação dada por essa tradição dentro do evangelho da comunidade cristã judaica, à luz do que esta comunidade experimentava.
Frequentemente Jesus diz «Eu sou», que se refere ao divino EU SOU das escrituras hebraicas. Enigmaticamente se refere a seu «tempo», acusa quão frequentemente seus ouvintes não compreendem o que ele diz, a anuncia declarações solenes com a fórmula «Deixe-me dizer-te isto» e com seu duplo prefácio «Amém, Amém», a fórmula ainda é mais misteriosa que nos sinóticos.
O meio ideológico deste evangelho é inteiramente judeu; mesmo o simbolismo abstrato e dualístico (luz-escuridão) vem de um mundo que pouco tem que ver com a cultura dos gentios. No entanto, este documento é ferozmente antijudeu, se entendido literalmente. Os escolásticos consideram que seus autores são cristãos judeus recém expulsos da Sinagoga. Naquele tempo, «judeus» (Ioudaioi) era um termo que se referia àqueles que sobreviveram a queda do Reino de Judá e tinhas sua base espiritual, e em muitos casos sua residência, no que Roma denominava Judeia. Este evangelho, no seu entendimento literal, dada a própria dificuldade de compreendê-lo em sua riqueza simbólica, mais do que o Evangelho de Mateus, alimentou um antissemitismo cristão desde sua disseminação.
A origem mais provável deste evangelho é uma pequena cidade da antiga Síria. A data até então mais acatada seria os últimos quinze anos do século I. O autor é anônimo, só sendo associado a João Evangelista um século mais tarde. O evangelho divide-se ao meio no capítulo 13: 1) relato da carreira pública de Jesus, com seus discursos, e 2) a Última Ceia com suas instruções de despedida, seguida de sua Paixão. Acredita-se que o capítulo 21 seja uma apêndice posterior.
*LENDO O EVANGELHO DE JOÃO DESDE O CENTRO
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