Evangelho de Felipe – nomes [NDEP]

(8a) Os nomes que são dados às coisas do mundo contêm uma grande ilusão, pois desviam o pensamento do que é real para o que não é real, e aquele que ouve o nome “Deus” não percebe o que é real, mas o que não é real. Da mesma forma, no “Pai” e no “Filho” e no “Espírito Santo” e na “Vida” e na “Luz” e na “Ressurreição” e na “Igreja” e em todos os outros, não percebemos o que é real, percebemos o que não é real, a menos que tenhamos aprendido o que é real.

É por meio dos sentidos que o homem dá nome às coisas, mas os sentidos só veem, tocam, ouvem e cheiram o exterior das coisas, sua aparência.

Portanto, ao ler o Evangelho de Filipe, não se esqueça de que :

(9b) “A verdade deu origem a nomes no mundo porque é impossível aprendê-la sem nomes.”

Aqui estão novamente os muitos paradoxos desse texto, que simplesmente revela a dualidade do mundo terreno. Sim, a Verdade indizível deve se revelar por todos os meios possíveis, e entre eles estão os nomes dados às coisas, as palavras, pelas quais ela tem a possibilidade de se revelar, mas apenas “em imagens e símbolos”! Infelizmente, o espírito dessas imagens e símbolos não é mais compreendido, e tudo o que resta é seu significado literal, sua aparência.

(A palavra “Deus” abrange a imagem que todos os povos do mundo criaram, estão criando e continuarão a criar da força elusiva por trás do universo e de sua aparência. É uma palavra fácil de usar, mesmo que seja apenas por ser curta e lacônica. Portanto, ao longo deste texto, ela representa a força física, espiritual, filosófica etc. — como se queira — que é primordial para o universo. — Quer nos refiramos a ela como ondas eletromagnéticas ou por um nome científico mais erudito, ou como poderes espirituais, representados por anjos, etc., — sempre como se queira. A imagem dessa força fundamental seria a do bem absoluto, em oposição ao bem e ao mal do mundo que conhecemos, que é apenas um triste desvio do mundo do bem absoluto).

(8b) Todas as palavras ouvidas no mundo são enganosas. Se estivessem no Éon (aion), não seriam proferidas no mundo em momento algum e não estariam classificadas entre as coisas do mundo. No Éon, têm um fim.

Éon: essa palavra grega significa: 1) para sempre, 2) um tempo muito longo, 3) o filho de Chronos, e no Evangelho de Felipe esse termo designa o mundo da eternidade imutável. O sistema sensorial do homem não consegue penetrar na essência das coisas. No Éon, a eternidade imutável, o nome, a própria essência de cada coisa, corresponde a uma vibração específica, uma força vibratória de frequência precisa que está oculta aos homens terrenos comuns porque seus sentidos não conseguem mais captá-la. Na eternidade imutável, os nomes não têm existência e são impronunciáveis; são vibrações do éter sutil.