Evangelho de Felipe (ASGP) – Verdade “re-vestida”

Uma vez que o Evangelho de Felipe não é o lugar para se buscar informações históricas sobre a vida de Jesus, como deve ser interpretado? Acredito que o próprio texto nos diz como devemos fazer isso. A seção 59 nos diz: “A verdade não veio ao mundo nua e crua, mas veio em tipos e imagens”. E a seção 105 diz: “Os mistérios da verdade são revelados em tipos e imagens”. Ou seja, o conteúdo do Evangelho de Felipe não deve ser tomado literalmente, mas metaforicamente. O Evangelho de Felipe oferece uma interpretação simbólica, esotérica e alegórica do material cristão e bíblico. Acumula metáfora sobre metáfora. Termos como câmara nupcial, luz, fogo, água, crisma, animais, escravos, filhos e descanso são repetidos no Evangelho de Felipe.

Por que a verdade é expressa indiretamente? Porque, de acordo com Felipe, “o mundo não pode recebê-la de nenhuma outra forma. Há um renascer e imagem de renascer. É realmente necessário nascer de novo por meio da imagem. Qual imagem? A ressurreição. A imagem deve ressurgir por meio da imagem. Por meio da imagem, a câmara nupcial e a imagem devem entrar na verdade: essa é a regeneração” (seção 59). Portanto, o “renascer” em si é a experiência espiritual real do renascer; a imagem do renascer é apenas a palavra renascer ou a metáfora do renascer. Uma imagem é a realidade espiritual colocada em palavras ou figuras. Grande parte dos comentários que acompanham a tradução deste livro está relacionada a esse tipo de interpretação.