Eugnosto e a Sabedoria de Jesus [FGBG]

Biblioteca de Nag Hammadi — Eugnostos — Sabedoria de Jesus Cristo — Eugnosto, Epístola de Eugnostos, Carta de Eugnostos

Códice III

Francisco García Bazán: Excertos de GNOSIS

[…] a chamada Epístola de Eugnostos, o Abençoado, um documento preservado nos Códices III e V, em um estado desigual de preservação, que especula fundamentalmente sobre as realidades do mundo transcendente, como o verdadeiro cosmos, em oposição ao inferior ou infraogdoádico, que é por essência caótico ou desordenado. Oferece-nos esta descrição familiar da Divindade Suprema: “Aquele que é indescritível, nenhum poder, nenhuma autoridade, nenhuma hierarquia, nenhuma criatura de qualquer tipo O conheceu, desde o estabelecimento do mundo, mas somente Ele. Pois Ele é imortal, eterno e não gerado… etc.” (71,14-20). E antes disso, diante das soluções filosóficas comuns ao mundo, o autor do escrito argumentou que somente aquele que encontra outra tese, que tem a ver com o conhecimento do verdadeiro Deus e do que lhe diz respeito, alcança a imortalidade (71,5-10). O regime emanativo é bem sublinhado nessa fonte, mas, em última análise, aqui como em Basilides, o motivo fundamental da doutrina, sua peculiaridade gnóstica, é constituído pela novidade radical trazida por esse conhecimento do Deus da Verdade, aquele que recria o homem e com ele o sentido do mundo, que se define por sua incorruptibilidade e que é aquele que toma a dianteira na exposição, desde o Primeiro Entendimento, Pai em si mesmo, Autogerador e Anthropos até a última das vestes do Filho do Homem. A marca expositiva do platonismo alexandrino é fortemente acentuada nesse e em alguns outros documentos dos vários códices coptas.