Os manuscritos do Mar Morto trouxeram renovado interesse pela figura de João, chamado o Batista. Nessa perspectiva é que Jean Steinmann consagrou um pequeno livro ao Precursor e o professor Flusser acaba de lhe dedicar uma obra notável. Mas João Batista se situa também na perspectiva da História santa. Nela, ele representa um momento eminente. Foi o que mostrou Sérgio Boulgakov em "O Amigo do Esposo". É nessa linha que nós nos situamos.
Essas duas dimensões são igualmente legítimas e igualmente rigorosas. A História é, ao mesmo tempo, história universitária, à qual dão acesso os documentos, e história santa, onde penetra o olhar profético. Importa mover-se nos dois registros, não lhes separando os objetos, mas respeitando-lhes os métodos. Trata-se de níveis diferentes no interior de uma realidade que é una. São atitudes complementares que se justificam uma pela outra, longe de se contradizerem.
Aqui, pois, trata-se, em primeiro lugar, de teologia da História, Esforcei-me, aliás, por recolocar João em seu contexto histórico das civilizações. Essa teologia da História tem por objeto as grandes obras de Deus nos diferentes momentos da história da salvação. Essa história da salvação começa com a criação do cosmos, conforme mostra S. Agostinho no "De catechizandis rudibus". Depois, vem o mais longo período, que vai de Adão a Abraão. Os capítulos 3 a 11 do Gênesis no-lo resumem. Mostrei-lhes o conteúdo próprio em "Os Santos pagãos do Antigo Testamento". A idade seguinte é a que vai de Abraão a João Batista.
Excertos: