CRISTIANISMO COPTO

Segundo Gérard Viaud, Magie et coutumes populaires chez les coptes d'Égypte, os coptos são os descendentes do egípcios da época faraônica.

A palavra «copta» é somente uma abreviação pela supressão do ditongo inicial, de «aiguptos» termo formado pelos gregos sobre a palavra faraônica «Het-Ka-Ptah» (a casa do Ka de Ptah), nome do antigo santuário de Memphis. Esta palavra de formação grega foi transformada pelos árabes no século VII que designaram sob o nome de «coptos» os habitantes do vale do Nilo.

De nossos dias o vocábulo «copta» denomina os cristãos do Egito de camada egípcia cuja comunidade se compôs de três a oito milhões de fiéis, 8 a 12% da população do Egito. Este termo «copta», puramente étnica, passou a um sentido étnico-religioso em designando cristãos de origem egípcia, e a um sentido puramente religioso neste que concerne a liturgia copta, seja egípcia ou etiópica.

Assim a palavra «copta» serve para designar unicamente o povo cristão de origem egípcia, com suas expressões culturais, religiosas e litúrgicas.

Viaud, esclarece em seu outro livro, Les coptes d'Égypte, que a língua copta era falada pelos egípcios até o século XIII, época onde ela cedeu diante da língua árabe. Alguns vilarejos do Alto Egito conservaram o uso da língua copta por mais tempo. No século XIX, poucos ainda falavam o copta, sendo seu uso exclusivamente litúrgico.

A língua copta é a língua falada nos diversos pontos do vale do Nilo. É, assim, a antiga forma da língua egípcia que se modificou ao longo dos séculos e adotou o alfabeto grego (24 letras) aumentado de sete letras tipicamente egípcias. É difícil fixar esta passagem do copta à adoção do alfabeto grego. É certo que desde os primeiros séculos do cristianismo no Egito, as traduções da Bíblia e textos litúrgicos não se dirigem a letrados somente, mas a todo o povo. É necessário ter uma escritura mais legível e mais fácil que os hieróglifos e o demótico para transcrever em língua egípcia os textos sagrados traduzidos do grego, aquela de uma língua que tendia mais e mais a se disseminar no país. Assim o alfabeto grego, aumentado de sete letras, substituiu os hieróglifos e o demótico a fim de escrever os dialetos falados, a língua popular, e de estar assim ao alcance de todos.

Conhece-se hoje em dia vários dialetos coptas: o sahidico, no Alto Egito; o akhmimico, idioma da região compreendida entre Akhmim e Tebas; o subakhmimico, língua do Médio Egito; o fayumico no Fayum e o bohairico, que era a língua do delta. Existia provavelmente outros dialetos. Os livros litúrgicos coptas atuais utilizam o dialeto bohairico, muito influenciado pelo grego.