Eriugena Houve um homem enviado de Deus

Escoto Eriugena — HOMÍLIA SOBRE O PRÓLOGO DO EVANGELHO DE SÃO JOÃO

XIV Houve um homem enviado de Deus (Jo I,6)
“Houve um homem enviado de Deus cujo nome era João”

Veja a águia, relaxando suas asas de contemplação mais sublime, descendo em voo gentil dos mais altos picos da montanha da teologia para o o vale mais profundo da história, do céu do mundo espiritual para a terra.

Pois a Escritura Divina é um certo mundo inteligível, constituído de suas quatro partes, seus quatro elementos. Cuja terra, como foi, no meio, no ponto mais baixo, como um centro, é história. Ao seu redor, como as águas, está o abismo da compreensão moral que o gregos desejavam chamar ethike. E neste mundo inteligível, ao redor destes dois, como tal, partes mais baixas, as quais denominei história e ética, flutua o que denomino conhecimento natural, conhecimento da natureza, que os gregos chamavam physike. Envoltos ao redor, fora e além de tudo, está o fogo celestial e ardente do céu empíreo, aquela sublime contemplação que os gregos chamaram “teologia”, além da qual nenhuma inteligência passa.

Assim o grande teólogo — quero dizer João — no início de seu Evangelho, toca o mais alto pico da teologia, e penetra o secreto céu espiritual dos céus, ascendendo além de toda história, ética e física. De lá, voltando-se para baixo em seu voo, ele narra as sequências históricas imediatamente precedente à encarnação do Verbo, e diz: “Houve um homem enviado de Deus”.

SEGUE: JOÃO INTRODUZ JOÃO