Elias Ekdikos Conhecimento

Elias Ekdikos — Do Conhecimento
A inteligência recebe a luz da contemplação gnóstica quando ela se elevou às alturas. Mas se ela solicita as razões, ela está de novo nas trevas, despencando para a paixão.

1. É necessário que o gnóstico o saiba: sua inteligência (nous) está às vezes no país da fonte dos pensamentos, às vezes no país dos raciocínios, às vezes no país dos sentidos. E ela retorna ao primeiro país, se se encontra ainda mais nos pensamentos que lhe vêm a tempo que nos pensamentos que lhe vêm a cotratempo.

2. A inteligência que não permanece na fonte dos pensamentos está inteiramente nos raciocínios. E se ela está nos raciocínios, ela não permanece na fonte dos pensamentos. Entrada nos sentidos, ela está no meio das coisas.

3. Pela fonte dos pensamentos, a inteligência se reúne ao inteligível (noeton). Pelo raciocínio, a razão reúne-se ao racional. E pelas imaginação, os sentidos reúnem-se à vida prática.

4. A inteligência recolhida nela mesma não contempla nem as coisas dos sentidos, nem as coisas do raciocínio, mas os pensamentos nus e os raios da luz divina, de onde transbordam a paz e a alegria.

5. Uma é a inteligência da coisa, outra é a inteligência nela mesma, e outra ainda a que se refere aos sentidos. Há aí essência, acidente e a diversidade do fundamento material.

6. A inteligência pode muito bem abrir numerosas vias: ela se mostra insaciável. É somente quando ela se engaja sobre a única via da oração que antes de chegar ao final se sente presa: ela suplica então àquele que compartilha seu caminho de reenviá-la aí de onde veio.

7. Se ela se deixou levar longe daquilo que está no alto, a inteligência não retornará sem suscitar nela o menosprezo perfeito daquilo que está em baixo, em se consagrando às coisas divinas.

8. Se não podes fazer que tua alma permaneça com seus próprios pensamentos, obrigue pelo menos teu corpo a permanecer na solidão para aí considerar continuamente sua miséria. É assim que com o tempo e a piedade de Deus, poderás retornar à dignidade primeira de tua nobre origem.

9. O monge ativo pode facilmente submeter a inteligência à oração, e o monge contemplativo pode facilmente submeter a oração à inteligência. Um desprende seus sentidos das formas visíveis. O outro transpõe sua alma para as razões ocultas nas formas. Um Leva a inteligência a ignorar as razões dos corpos. O outro leva a inteligência a compreender as razões dos incorporais. Ora os incorporais são as razões dos corpos, suas naturezas próprias e suas essências.

10. Quando tiveres liberado tua inteligência dos prazeres do corpo, do dinheiro e do alimento, então tudo aquilo que fizeres será considerado por Deus como uma pura oferenda. Te será dado em retorno de ter abertos os olhos de teu coração e de estudar em toda clareza as palavras que Deus escreveu nele, as quais, para a doçura que espalham, são consideradas pela boca de tua inteligência como um raio de mel.