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EVANGELHO DE JOÃO — CAPÍTULO VII

Segundo Carreira das Neves:

O capítulo sete é um pequeno puzle sobre Jesus como “sinal de contradição”. Ao contrário do grande diálogo do capítulo sexto que nasce por ocasião do sinal da multiplicação dos pães e peixes, o diálogo presente nasce por ocasião da festa dos Tabernáculos. Centra-se, portanto, no Templo de Jerusalém, tendo como protagonistas: 1) os irmãos de Jesus (v. 3); 2) os judeus (v. 11); 3) os sumos sacerdotes e fariseus (v. 32); 4) os guardas dos sumos sacerdotes (v. 45); 5) Nicodemos (v. 50). O tema central, uma vez mais, versa a identidade de Jesus. No fundo, estamos diante da fé cristã joanica que acredita que Jesus é o Messias enviado pelo Pai, e das interrogações e dúvidas de familiares, judeus, sumos sacerdotes, guardas do Templo, gente simples, que conheciam aquele homem de Nazaré como um judeu entre judeus e nada mais. Os dois tempos históricos — o do Jesus histórico e o da fé cristã — dão-se, uma vez mais, as mãos, em dúvida e certeza, em interrogação e resposta, em palavra de Deus segundo Moisés, por um lado, e segundo a vontade de Deus/Pai, por outro lado.

Reparemos neste “sinal de contradição” à luz da literalidade de alguns textos:

v. 3: Disseram-lhe, então, os seus irmãos: “Vai para a Judeia, afim de os teus discípulos verem as obras que fazes…

v. 5: Nem sequer os seus irmãos criam nele.

v. 12b-13: Uns diziam: “E um homem de bem”. Outros,porém, afirmavam: “Não; o que Ele anda é a desencaminhar o povo!”

v. 20: Tu tens o demônio. Quem é que te quer matar?

v. 25: Então, alguns de Jerusalém comentavam: “Não é este a quem procuravam, para o matar?”

v. 40: Então, entre a multidão de pessoas que escutaram estas palavras, dizia-se: “Ele é realmente o Profeta.” Diziam outros: “E o Messias”. Outros, porém, replicavam: “Mas pode lá ser que o Messias venha da Galileia?!”

A narrativa, em diálogo, pode dividir-se em sete pequenas unidades, de acordo com os dados geográficos, espaciais, doutrinais e intervenientes pessoais.