Mestre Eckhart — Termos e Noções
Posse de Deus
Excertos de Giuseppe Faggin — Meister Eckhart e a mística medieval alemã
Toda a mística de Eckhart, interpretada no momento como atitude volitiva e originária, pode resumir-se nestas palavras do próprio Mestre. “Em que se baseia a verdadeira posse de Deus? Baseia-se no sentimento, numa razoável norma interior e num retorno da vontade em direção a Deus, não em um contínuo e ininterrupto pensar em Deus, que estaria além do poder humano, ou que pelo menos, seria muito difícil. E tampouco seria o melhor. O homem não deve conformar-se com um Deus pensado, porque, se acaba o pensamento, acaba também Deus, mas deve-se possuir um Deus em ser, superior ao pensamento do homem e de todo o criado, e este Deus não acaba ainda que tu te apartas voluntariamente dele.” E na realidade, toda a doutrina eckhartiana se dirige a substituir ao “Deus pensado”, ao Deus “objeto” do renovado aristotelismo, pelo “Deus vivo”, o Deus “subjetividade de nossa subjetividade”; uma concepção, em suma, que dê no campo teológico-filosófico o equivalente lógico menos inadequado da originária experiência do Divino.