Domingo de Ramos (Mt XXI, 1-11; Lc XIX, 29-40)

ATOS DE JESUSPAIXÃO — DOMINGO DE RAMOS (Mt XXI, 1-11; Lc XIX, 29-40)

EVANGELHO DE JESUS: Mt 21:1-11; Lc 19:29-40


René Guénon: O ESOTERISMO DE DANTE

El nombre latino de esta fiesta es Dominica in Palmis; la palma y la rama no son evidentemente más que una sola y misma cosa, y la palma tomada como emblema de los mártires tiene igualmente la significación que indicamos aquí. — Recordaremos también la denominación popular de «Pascua florida», que expresa de una manera muy clara, aunque inconsciente en aquellos que la emplean hoy día, la relación del simbolismo de esta fiesta con la resurrección.

Roberto Pla: Evangelho de ToméLogion 81

É necessário tentar explicar o sentido oculto dessa referência ao “jumentinho” sobre o qual cavalgava o Cristo interior quando efetua sua entrada em Sião. Mas como ocorre com muitos Oráculos veterotestamentários seu sentido oculto aparece ali muito mais velado que em seus paralelos do NT. Isto recorda que o Evangelho foi em grande medida uma revelação, isto é, um manifestar o que durante longo tempo esteve em secreto pela tradição dos israelitas.

A teologia comum cristã explica, segundo a vertente manifesta, Jesus tomou o jumentinho como montada na ocasião solene de sua entrada messiânica em Jerusalém para mostrar sua realeza espiritual, acompanhado com uma renúncia clara ao boato dos reis históricos de Israel e Judá. No entanto, há um sinal de sentido oculto neste ato, e não é difícil notá-lo, na natureza misteriosa da missão encomendada por Jesus a dois discípulos, uma vez chegaram junto ao monte das Oliveiras: “Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela”.

A notícia não deixa de ser surpreendente. Jesus “sabia” que “em um povoado de frente”, e, “em seguida”, quer dizer, talvez à entrada desse povoado, “havia” uma jumenta atada e um jumentinho com ela, a fácil e não protestada disposição dos dois discípulos. A informação que adiciona Marcos é ainda mais insólita, pois diz: “(Jumentinho) sobre o qual não havia montado todavia nenhum homem”. Com tais dados, os discípulos missionários encontraram, não obstante, esse jumentinho solicitado por Jesus.

De um ponto de vista oculto, o misterioso jumentinho parece ser “figura” dos conteúdos mais sutis e purificados da alma, e por isto se pode dizer que aparecem situados “em frente” da consciência habitual do homem. Por isto, são tais conteúdos os que em última instância, no grau de espiritualidade pura, servem de “cavalgadura” ao Cristo interno quando este se manifesta, quer dizer, na hora de sua “Vinda” à consciência (v. VINDA DO FILHO DO HOMEM). Então ficam levantados os denteis e transposta a consciência aos lugares bem-aventurados do monte Sião. O “jumentinho”, é uma montada de honra, mas ao mesmo tempo é, sobretudo, o estrado que gradua, matiza, a irradiação da Glória do manto de luz do Pai. Esta luz é uma com o Filho, e posto que seu fulgor não é do mundo, não pode ser contemplada “de frente” quando lampeja sem velação alguma. Por isto se diz de Moisés que se cubriu o rosto, porque “temia” ver a Deus, quando o espisódio deslumbrante da “sarça ardente” no Horebe.

Nas palavras de bendição de Jacó a seu filho Judá, é descrito este como “cachorro de leão”, isto é, como “tipo” do Cristo interior. Dele se diz ademais que é “o que ata à videira seu burro e à cepa o jumentinho de sua jumenta” (Gn 49, 9-11). Em Jesus, duplamente estruturado como Cristo manifesto e oculto, confluem ambas definições genesíacas. Enquanto “cachorro de leão”, não pode caber dúvida porquanto o autor do Apocalipse o denomina “o leão da tribo de Judá”, e agrega outro título de identificação: “o Rebento de Davi”. Isto significa que o Cristo oculto, “já era” em Judá e em Davi, além do mais de ter sido em Abraão, pois por isto disse Jesus: “antes que Abraão existisse, Eu Sou”.

Mas também sabemos que o burro (a jumenta) que permanece “atado à videira”, e o jumentinho da jumenta “submetido à cepa” são figura dos meios de manifestação do Cristo oculto, isto é, das vestimentas que necessita para ser manifesto, ademais de oculto. Isto o esclarece muito o quarto evangelho, porquanto Jesus explicou o sentido da videira como figura do Cristo oculto quando disse: “Eu sou a videira verdadeira”. Alinhado com o caráter apológico desta passagem, se vê bem claro que a jumenta, atada à videira, é a alma de cada homem que como o bom sarmento deve permanecer unido (atado) à videira, se é que há de dar fruto por si mesmo.Quanto ao jumentinho, o broto não contaminado, “não montado por homem” é a essência nascida da alma, firmemente unida ao tronco da videira, à cepa.
*O que na linguagem do AT se denomina nesamah, o terço que não será exterminado segundo o Oráculo de Zacarias, o “Resto”, do qual o profeta disse: “Eu porei no fogo o terço” (Zc 13, 8-9).

Este tronco ou cepa, é por suposto o Cristo interno em “si mesmo”, desnudo (sem sarmento), isto é, “reduzido” a ser o fulgor puro, não contemplável, da Glória; quer dizer, “o fulgor do brilho do âmbar, em meio do fogo” que em sua teofania descreve Ezequiel (Ez 1,4).

Resulta mais fácil entender agora que o jumentinho atado diretamente à cepa, sobre o qual montava Jesus para ser visto no dia de sua entrada messiânica em Jerusalém, é um paralelo figurativo da vestimenta mais íntima de Jesus, “a túnica sem costura, tecida de uma peça de cima abaixo”, da qual só no último momento é despojado o Cristo.

Jean Robin: JUMENTA E JUMENTINHO