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theosophos:saint-martin-smtn-viii-ser

Saint-Martin (SMTN, VIII) – Ser

Essa relação incontestável influencia necessariamente os laços que unem as produções temporais ao seu Princípio gerador: laços esses que são mais sensíveis quanto mais considerável é a obra em si; já que esses laços são nulos, por assim dizer, entre a árvore e o fruto, se considerarmos aqueles que existem entre os animais e seus filhotes: e parecem ainda menores quando comparados com aqueles que existem entre o nosso Ser intelectual e as produções que lhe são próprias. Quadro natural…: VIII

Haveria aqui uma infinidade de outras relações a expor sobre as leis da concepção dos Seres, sobre sua simplicidade, à medida que se elevam e se aproximam da fonte primeira, e sobre a subdivisão a que estão sujeitos, na proporção em que se afastam dela e descem. Ver-se-ia a razão pela qual, fora do tempo, todas as faculdades estão no mesmo Ser; ao passo que, para os Seres no tempo, essas faculdades exigem tantos agentes distintos: poder-se-ia dar a conhecer a causa final dessa grande e magnífica lei pela qual os animais perfeitos nascem com a semelhança do seu Princípio gerador: em vez disso, os animais imperfeitos, como os insetos, passam por várias mutações sensíveis em suas formas antes de alcançar essa semelhança; poderíamos observar que nosso corpo, passando por todas as revoluções da matéria, é, por assim dizer, apenas um inseto em relação ao nosso Ser intelectual, que, desde o momento de sua emanação, recebeu o complemento de sua existência: poderíamos finalmente observar que o nosso próprio Ser intelectual, no seu estado atual, é uma espécie de inseto, em relação aos seres aos quais a corrupção e o tempo são desconhecidos. Quadro natural…: VIII

Com efeito, sendo a Sabedoria suprema a única fonte de tudo o que existe de verdadeiro, se nada pode ser que não venha dela e que não dependa dela, assim que um Ser verdadeiro existe, ele é necessariamente sua imagem: ora, essa fonte universal, nunca suspendendo a ação pela qual se reproduz, nunca deixa, consequentemente, de reproduzir universalmente suas próprias imagens. Para onde poderia o homem ir sem encontrá-las e sem estar rodeado por elas? Para que exílio poderia ser banido sem levar alguma marca delas? Quadro natural…: VIII

Pois é uma grande verdade que as relações entre os Seres devem ser apreciadas remontando deles ao seu Princípio, e não descendo do seu Princípio para eles; porque é nesse Princípio que eles têm sua fonte e todo o seu valor, ao passo que esse Princípio, tendo todas essas coisas em si mesmo, não precisa buscá-las em nenhum outro Ser. Quadro natural…: VIII

Assim é com a luz intelectual: quando nos aproximamos dela, ela nos aquece, reconhecemos claramente a sua existência; mas se fechamos os olhos à sua claridade, não vemos mais essa luz; estamos nas trevas e, no entanto, é muito certo para aqueles que vigiam que ela está sempre sobre nós: e que, como seres livres e indestrutíveis, conservamos o poder de abrir os olhos aos seus raios. Assim, quer morramos, quer vivamos intelectualmente, estamos incessantemente sob o aspecto da grande luz e nunca podemos estar inacessíveis ao olho do Ser universal. Quadro natural…: VIII

Quanto ao reino animal, vemos nele uma representação ativa da celebridade com que a vida do grande Ser se comunica a toda a cadeia de suas produções por meio desse movimento rápido e único, que transmite ao mesmo tempo a ação do sangue em todas as artérias e que não precisa de nenhum progresso nem intervalo para passar do centro aos extremos mais distantes. Quadro natural…: VIII

Todos esses fatos são para o homem tantos sinais que lhe demonstram que, se tivesse a coragem de levar sua vontade ao seu verdadeiro ponto de purificação, ele devolveria ao seu Ser intelectual uma clareza, uma transparência análoga à sua classe, proporcionando-lhe um grau de purificação que lhe permitiria não apenas descobrir o caminho dos Seres imateriais que o cercam, mas também o ajudaria a elevar-se até à ordem intelectual mais elevada que existe, até àquela ordem viva na qual ele tem a sua origem, mas da qual hoje está tão distante que a considera inacessível à sua visão. Pois, no sensível e no intelectual, é certo que só o grosseiro, a impureza, formam para o homem as trevas, os afastamentos e as distâncias, e que tudo é claro para ele, tudo está perto dele, quando tudo é puro nele. Quadro natural…: VIII

Na união do homem com o Universo, podemos deixar de perceber um esboço ativo da harmonia divina, na qual o primeiro Ser se representa para nós como dominante sobre todas as inteligências e recebendo delas o tributo e a homenagem que elas devem à sua grandeza? De fato, qual é o lugar que o homem ocupa na Terra? Todos os seres da natureza estão em ação ao seu redor, todos trabalham para ele; o ar, o tempo, os astros, os ventos, os mares, os elementos, tudo age, tudo contribui para o seu bem-estar, tudo concorre para sustentar a sua existência; só ele, no meio desse vasto império, tem o privilégio de poder ser superior a essa ação temporal; ele pode, se quiser e tiver coragem, não ter outras ocupações senão apropriar-se de todos os dons e todas as virtudes do Universo. Quadro natural…: VIII

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