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Saint-Martin – amigos da verdade

O verdadeiro modo de pedir socorro não é ir corajosamente buscá-lo onde ele está? E não é pela ação que a força se alimenta? Também não há grandeza senão naquele que sabe combater, porque é o único meio de saber gozar; e o primeiro segredo para ser elevado acima de nossas trevas e faltas é nos elevarmos a nós mesmos. É pelas provações que Deus nos envia que temos o direito de orar, e não pelos erros que cometemos por nossa covardia. Quando teu coração está cheio de Deus, usa a oração verbal, que será então a expressão do espírito, como sempre deveria ser. Quando teu coração estiver seco e vazio, usa a oração silenciosa e concentrada; é ela que dará a teu coração o tempo e o meio de se reaquecer e se encher. Logo aprenderás a conhecer por esses segredos simples quais são os direitos da alma do homem, quando mãos vivas a comprimiram para exprimir sua corrupção, e ela retoma depois sua livre extensão por sua elasticidade natural. Logo aprenderás a conhecer qual é sua autoridade sobre o ar, sobre o som, sobre a luz e sobre as trevas. Vigia, vigia enquanto estiveres no meio dos filhos da violência. Eles te persuadirão que podem algo, e não podem nada. Como fariam os amigos da verdade, se as comparações que nos apresentam são sempre falsas? Nos seres aparentes, não resta nenhuma impressão da ação dos seres verdadeiros; eis por que as trevas não podem compreender a luz. Se queres compreender essa luz, não a compares a nada do que conheces. Purifica-te, pede, recebe, age: toda a obra está nesses quatro tempos. Purificar-se não é orar, pois é combater? E que homem ousaria caminhar sem se purificar, se não pode dar um passo sem pisar nos degraus do altar? Não basta não duvidar do poder do Senhor, é preciso também não duvidar do teu. Pois Ele te deu um, já que te deu um nome, e não pede senão que o uses. Não deixes, pois, toda a obra a cargo de teu Deus, já que Ele quis deixar-te algo a fazer. Ele está sempre pronto a derramar em ti todos os bens; só te pede que vigies os males que te cercam e não te deixes surpreender. Seu amor expulsou para ti esses males para fora do templo; tua ingratidão iria até deixá-los voltar a entrar? Homem, homem, onde encontrar uma destinação que supere a tua, já que és chamado a fraternizar com teu Deus e a trabalhar em conjunto com Ele! O Homem do Desejo: 8

A todos os instantes de nossa existência devemos ressuscitar dos mortos. Nosso pensamento, nossa ação, nossa vontade, nossas afeições verdadeiras e puras, tudo está no túmulo. Guardas estão postos ao redor pelos príncipes da sinagoga, por medo dos discípulos e amigos da verdade. É preciso levantar a pedra do sepulcro; é preciso enganar a vigilância de nossos guardas, ou derrubá-los por nosso poder. É preciso depositar os lençóis que nos envolviam e romper as faixas que ligavam todos nossos membros. É preciso retomar nossa primeira agilidade, nossa primeira pureza, nossa primeira atividade, e elevar-nos nos ares como o espírito devolvido a sua própria substância. Antes de alcançar essa ressurreição universal e inteira, é preciso passar por ressurreições particulares; e são essas ressurreições particulares que compõem os elementos de nossa vida temporal. O Homem do Desejo: 274

Ao errar como fazemos nesta terra, muitas vezes pisamos sobre pedras preciosas escondidas a pouca profundidade em seu seio, e não as percebemos; o mesmo acontece com os literatos e as pessoas do mundo que se assemelham a eles; ao ler os escritos dos amigos da verdade, só veem areia e poeira, e não percebem os germes férteis encerrados sob a casca. Oh! Quão oculta é a obra de Deus, desde o véu da natureza até as últimas ramificações das coisas sociais, e até as inúmeras ignorâncias e obscuridades dos homens! O Ministério…: Da Palavra.

É por isso que as expressões audaciosas, as figuras imponentes e extraordinárias que enchem os livros sagrados e os livros dos amigos da verdade, só pareceram suscetíveis de serem desculpadas aos olhos vulgares ao serem atribuídas ao estilo oriental. Mas por que essas expressões são tão estranhas aos homens da correnteza? É porque perderam o uso das grandes afeições que as teriam gerado neles; é porque estão sepultados em regiões inferiores onde os contrastes são medíocres; as nuances quase uniformes; e quase nulas, as impressões que delas resultam. O Ministério…: Da Palavra.

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