User Tools

Site Tools


theosophos:faivre-fetc-eckartshausen-existencia-de-deus

Faivre (FETC) – Eckartshausen, existência de Deus

ECKARTSHAUSEN E A TEOSOFIA CRISTÃ (FETC) — DEUS

Eckartshausen pouco se esforça para provar a existência de Deus através de argumentos racionais. Mas ele tem o sentimento da natureza; acredita que esta natureza é capaz, por suas belezas, de suscitar naqueles que a contemplam a crença em um Deus criador. Neste aspecto, sua atitude difere muito da de outros Iluministas de seu tempo, que viam principalmente nos espetáculos naturais os vestígios de um gigantesco cataclismo decorrente da queda original, pouco capazes, por si mesmos, de nos revelar o modelo originário da criação. Saint-Martin, em O Espírito das Coisas, e em outras obras também, desenvolve longamente esta ideia que lhe é própria. Madame de Krüdener, na mesma época, exprime concepções semelhantes, e poder-se-ia citar muitos outros teosofistas compartilhando este ponto de vista. Nada disso em Eckartshausen. Se ele admite, também, as consequências da queda, recusa-se a ver no mundo que o rodeia apenas tristeza e ruínas.

É ao contemplar as folhas de uma flor que Aglaia descobre a existência de Deus; os perfumes da primavera, as ondas que o vento forma nos campos de trigo, convencem-na de Sua bondade. A natureza prova que Deus existe: este é o título de um de seus contos, no qual descreve complacentemente os encantos da primavera e as carícias de uma terna esposa. Além disso, como compreender Deus sem a natureza?. Contudo, não nos enganemos: Eckartshausen coloca o Criador muito acima da criação, o artista acima da obra. Deus é infinitamente mais belo que o céu.

Eloas, “sacerdote da natureza”, ensina a seu discípulo Sofrônio que tudo ao nosso redor é manifestação de Deus, a letra viva de Seu esplendor, pela qual Ele se revela. Assim como o sol atrai a terra, Deus atrai a Si as almas. Conhecer a natureza, ensina Sofrônio, permite elevar-se por degraus até o conhecimento do sobrenatural através das marcas divinas, pois não há nada invisível no espírito da Luz que não tenha uma sombra visível e palpável aqui embaixo. Saint-Martin subscreveria sem dúvida esta última proposição; eis porque a divergência observada anteriormente constitui menos uma posição de princípio radicalmente diferente do que um sentimento da natureza experimentado de modo totalmente distinto. Eckartshausen é muito mais poeta que Saint-Martin. Ele descreve a beleza da natureza até nas orações que compõe para o uso dos católicos bávaros. Vê o nome de Deus “escrito em traços legíveis” nas asas de um mosquito; descobre-o no púrpura de uma rosa e tecido na cor prateada de um narciso.

/home/mccastro/public_html/cristologia/data/pages/theosophos/faivre-fetc-eckartshausen-existencia-de-deus.txt · Last modified: by 127.0.0.1