Saint-Martin (SMMHE) – espírito de verdade
Lembremo-nos, pois, que o espírito repousara sobre o cordeiro por ocasião da libertação do Egito, e que foi isso que deu todo o valor a esse sacrifício. Lembremo-nos, em seguida, que a vida divina repousou e ainda repousa sobre as substâncias do sacrifício da nova aliança, pois o espírito de verdade não se espalhou em vão, e que ele não pode ser enganado em seus planos e em seus efeitos; assim, desde a nova aliança (e talvez desde a origem das coisas), podemos considerar o pão e o vinho como marcados pelo espírito de vida que foi derramado sobre eles. Le Ministère…: De l’Homme. Com que cuidado os escritores não deveriam, portanto, zelar por suas afeições? Pois o espírito de mentira pode servir-se delas como o espírito de verdade, e ele não negligencia nada para nos levar aos pés de seus altares. Mas se tivermos a atenção de manter a ordem e a pureza em nossas afeições, elas poderão cada uma tender e chegar ao seu cumprimento, sem que uma possa prejudicar a outra, e ao contrário, elas se sustentarão e se vigiarão mutuamente. Le Ministère…: De la Parole. O uso de embalsamar os corpos dos mortos, e de enchê-los com os mais preciosos aromas, é uma transposição desse princípio que nos chama todos à nossa regeneração, seja corporal, seja espiritual. É certo que não teríamos outra tarefa no mundo, se fôssemos prudentes, senão a de trabalhar continuamente para revivificar em nós o corpo puro e o espírito de verdade que ali estão como extintos e como mortos; de sorte que, em nossa morte física, nos encontrássemos perfeitamente embalsamados em todos os sentidos corporais de nossa primeira forma, não à maneira das múmias terrestres, que permanecem sem vida e sem movimento, e acabam por se dissolver; mas como levando conosco o bálsamo vivo e incorruptível que restituirá a todos os nossos membros sua agilidade e sua atividade primitivas, e isso em progressões sempre crescentes, como o infinito e a eternidade. Le Ministère…: De la Parole.
