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Saint-Martin (SMTN, XVI) – Ser

Não foi nenhum tipo mais semelhante do que o justo Elias, cujo nome abrange todas as classes de Seres superiores à matéria, e que se deu a conhecer pelos atos mais extraordinários. Mas é porque ele participava da força do Princípio de todas as coisas que o espanto deve cessar à vista de semelhantes fatos. Se ele se prendia ao Ser que tudo produziu, à fonte de onde decorrem todos os sinais sensíveis materiais ou imateriais que estão em ação no universo, qual dificuldade haveria em que, sob o signo de um Corvo, ele tivesse recebido sua alimentação de uma mão superior? Qual dificuldade em que ele tivesse desvendado a impostura dos Sacerdotes de Baal, manifestando as forças do verdadeiro Deus? Qual dificuldade mesmo em que ele tivesse restituído a vida a um cadáver, já que ele agia por esse mesmo Deus que a havia dado? Quadro natural…: XVI É por isso que a Justiça suprema, tendo o desígnio de fazer o povo Hebreu sentir o horror de suas alianças idólatras, lhe apresentou como sinal, a união de um de seus Enviados com uma mulher prostituída; união que repetia também aquela que o primeiro homem havia contraído com substâncias impuras, tão opostas ao seu Ser. Quadro natural…: XVI Mas a posteridade do homem, estando em degradação, não pode representar essa ordem de Seres senão com uma irregularidade muito grande; e essa irregularidade consiste em mostrar em uma mesma espécie todas as ações das espécies opostas. Ela consiste em estreitar de tal forma o quadro, que na mesma ordem de Ser, vemos virtudes ativas e virtudes passivas; ela consiste em que, em uma mesma Raça, em um mesmo Povo, se encontra ao mesmo tempo o Juiz, o Vingador e o Culpado, enquanto esses nomes deveriam pertencer a Seres diferentes. Quadro natural…: XVI “Nesses dois casos, só podem resultar desordens muito grandes para ele, já que um Ser só pode habitar o corpo que lhe é próprio e natural. Ao se ligar ao sangue de outro homem, ele1 o atrapalha sem encontrar descanso ali, porque outro Ser o habita; ao se unir ao sangue da besta, ele se liga a entraves ainda mais grosseiros e mais estranhos a si mesmo, e todos esses males são tantos obstáculos que o atrasam e o molestam durante sua jornada; pode-se, portanto, ver por que Deus pedirá de volta a alma do homem à mão ou ao poder de tudo o que é sangue, já que o homem é seu dízimo pelas relações originais de seu quaternário com dez; pode-se ver em que se baseia o horror que os homens geralmente têm dos assassinos; enfim, por que todas as Nações da Terra consideraram cobertos da última marca de reprovação aqueles cujos cadáveres são expostos a ser a pasto dos pássaros e dos outros animais.” Quadro natural…: XVI Eles teriam reconhecido que esse Princípio primeiro, do qual o homem era encarregado de manifestar a imagem na Terra, lhe fornecia ainda aqui embaixo os meios de cumprir sua destinação: que o mais sensível de todos era lhe mostrar, em sua própria posteridade, o tipo do que ele teria sido, se ele tivesse conservado os direitos de sua origem; que assim esse Princípio primeiro havia podido e devia escolher entre essa posteridade criminosa, algum Ser menos culpado e mais próximo de ele, torná-lo depositário das virtudes que sua Justiça permitia conceder à Terra, para a trazer de volta ao seu centro; dar a esse ser, por uma sequência da convenção primitiva, a promessa de que, se ele fizesse um uso legítimo, não só as conservaria para ele e para sua posteridade, mas ainda que as aumentaria sem fim e até a imensidão dos números; que se, ao contrário, ele e seus descendentes viessem a desprezá-las, todos esses dons lhes seriam retirados, e que então, em vez de iluminar as Nações, e de as trazer de volta ao seu centro, eles se tornariam o objeto de sua Justiça e o opróbrio da Terra. Quadro natural…: XVI Mas, embora a Sabedoria suprema tenha podido e devido fazer temporalmente a escolha de que falamos; embora ela tenha eleito um Ser justo para lhe confiar o tesouro de seus benefícios, já que nenhum ímpio pode participar deles; se em seguida a posteridade desse Justo se desvia de sua lei, que ela se torne, consequentemente, um receptáculo de ignomínia, e o objeto do desprezo de todos os Povos, dir-se-á por isso que a escolha dessa Sabedoria foi indigna dela? E a primeira escolha que ela teria feito, teria sido menos pura, embora ela tivesse se tornado a própria impureza? Dever-se-ia, portanto, dizer que o homem, emanado da Sabedoria suprema, foi sem glória e corrompido em sua origem, porque hoje o vemos rastejar no crime e no opróbrio. Quadro natural…: XVI Por isso ela ainda dá às Nações, em imagens desfiguradas, os indícios secretos dessas Virtudes que o amor e a sabedoria fizeram penetrar nas moradas dos homens, para lhes mostrar sempre quadros vivos do Ser verdadeiro sobre o qual sua existência foi modelada; e sendo esse Povo disperso entre todas as Nações da Terra, elas têm ao mesmo tempo diante dos olhos, e os Agentes que deveriam ser os órgãos da verdade, e os flagelos que os perseguem por terem ousado desprezá-la. Quadro natural…: XVI Não podemos terminar melhor o que diz respeito às Tradições dos Hebreus senão mostrando em que se baseiam os sublimes privilégios de que esse Povo é depositário. É que ele é aquele que teve em sua Língua o primeiro Nome positivo e coletivo de todas as faculdades e todos os atributos do grande Ser, Nome que encerra distintamente o princípio, a vida e a ação primordial e radical de tudo o que pode existir; Nome pelo qual os astros brilham, a terra frutifica, os homens pensam; Nome pelo qual2 pude, Leitor, escrever para você essas verdades, e pelo qual você pode as entender. Quadro natural…: XVI Este grande Nome passou, é verdade, para todas as outras Línguas da Terra; mas não levou em nenhuma a imagem completa que apresenta na Língua dos Hebreus. Algumas dele fizeram apenas uma denominação indicativa da existência de um Ser superior, sem expressar nada de suas virtudes. Outras conservaram alguns de seus traços principais; mas tendo abstraído todos os outros, não pintaram à nossa inteligência um quadro justo do nosso Deus. Outras, enfim, como as Línguas vizinhas do hebraico por sua antiguidade, conservaram em grande parte as letras que compõem este Nome do Deus universal; mas tendo alterado a forma e a pronúncia, logo deixaram de lhe atribuir as vastas e profundas ideias das quais é o germe. O Hebraico sozinho possui intacto este Nome supremo, tronco sobre o qual estão e estarão enxertados todos os outros Nomes destinados ao sustento da posteridade humana. Não nos admiremos, pois, que este Povo nos seja apresentado como sendo o farol das Nações, e o foco visível sobre quem, desde a queda do homem, refletiram os primeiros raios do grande Ser. Quadro natural…: XVI

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